A nota de 313 palavras em que o bilionário Júnior Friboi se manifesta sobre a reportagem de O Popular, na edição desta sexta-feira, apontando para uma dívida de R$ 1,3 bilhão de reais em ICMS sonegado ao Estado de Goiás, não explica nada e ainda recorre a velhas e esfarrapadas desculpas de todo político flagrado em situação constrangedora.
“É jogo sujo”, reclama Júnior. Mas “jogo sujo” como? O fato é que existem 49 autos de infração, lavrados nos últimos 9 anos em frigoríficos hoje controlados pelo Grupo, somando o milionário valor de R$ 1,3 bilhão. Isso é real e palpável.
Isso não é “jogo sujo”, é realidade.
Outros dois argumentos usados por Júnior Friboi são furadérrimos. Veja:
1 – Não é mais acionista do Grupo JBS-Friboi. Ora, primeiro, é, sim, já que detém uma montanha de ações, que recebeu ao deixar a empresa. Segundo, grande parte do ICMS foi sonegado quando ele, Júnior, ainda era acionista proprietário direto e dirigente do Grupo.
2 – A maior parte da dívida seria constituída por ICMS sonegado pelo frigorífico Bertin, que foi incorporado pelo JBS-Friboi. O comentário, aqui, é: e daí? Se o JBS-Friboi incorporou o Bertin, pelas leis brasileiras a dívida é sua e ponto final. No máximo, quanto a essa parcela, o que se poderia justificar é que, diretamente, não houve culpa do JBS-Friboi na sonegação. Veja bem, leitor: nessa parcela, porque há outra que é de responsabilidade direta do Grupo.
De resto, Júnior Friboi usa um argumento fantástico: o de que a JBS-Friboi gera empregos e riquezas para Goiás, sugerindo que esse fato poderia “amenizar” ou “justificar” a sonegação. Isso é brincadeira. Gerar empregos e riquezas, sonegando ICMS, simplesmente é crime.