Não é de hoje que os vereadores da Câmara Municipal de Goiânia se afastam da população que os elegeu, mas de uns anos para cá a sensação é a de que a distância cresceu a passos largos.
Exemplo disso foi a aprovação de dois projetos altamente prejudiciais à cidade, e que interessavam apenas ao prefeito Paulo Garcia (PT) e seus aliados: o afrouxamento do Plano Diretor, que entregou a cidade para o mercado imobiliário (financiador de campanhas eleitorais), e o reajuste das alíquotas do IPTU, que deve proporcionar um aumento de até 400% no imposto.
Faça as contas: o seu salário aumentou 400% nos últimos anos? É claro que não. Mesmo assim, o projeto foi aprovado em primeira votação por 19 votos a 14, graças ao rolo compressor administrado pelo secretário de Finanças, Jeovalter Correia, e três vereadores fieis ao prefeito: Carlos Soares (PT), Clécio Alves (PMDB) e Célia Valadão (PMDB).
Outra pergunta interessante: quais argumentos levaram estes 19 vereadores a votar a favor do aumento do IPTU? Seriam cargos comissionados na prefeitura, cujo salário é pago – outra vez – com o suor do contribuinte? Ou favores extra-republicanos fechados no subterrâneo do Paço Municipal, sediado no Park Lozandes?
Seja o que for, está alheio aos interesses da população, que já paga a mais alta carga tributária do mundo.
A prefeitura alega que depende do reajuste estratosférico do IPTU para reequilibrar as contas, mas não ouve dos senhores vereadores a pergunta que vem das ruas: qual a origem do desequilíbrio nas finanças do município? Quem o causou? Foi herança do ex-prefeito Iris Rezende (PMDB)?
A Câmara de Goiânia se perdeu. Salvo raras exceções, como Elias Vaz, Dra. Cristina, Thiago Albernaz, Geovani Antônio, Pedro Azulinho, Anselmo Pereira, Virmondes Cruvinel e Djalma Araújo, o resto bate ponto na Casa apenas de olho no jogo rasteiro do fisiologismo. Tenham a certeza, porém, que o goianiense não esquecerá o nome de cada um de vocês que abdicou do direito sagrado de defender o povo em troca, quem sabe, de alguns vinténs.