quarta-feira , 27 novembro 2024
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O Popular afirma em editorial que fez cobertura de “credibilidade” e “imparcial” das eleições. Não é bem assim, leitor

Em um editorial, que passou despercebido, logo após o final do 2º turno, publicado no jornal O Popular, o Grupo Jaime Câmara afirma que, apesar das distorções que pautaram o processo de comunicação durante a campanha eleitoral, principalmente nas redes sociais, cumpriu o papel de informar com “credibilidade” e “imparcialidade”.

Não é bem assim, leitor.

Para começar, a cobertura da eleição deste ano, em Goiás, foi uma das mais fracas da história de O Popular, o principal veículo do GJC. Diariamente, o jornal priorizou a publicação de material frio produzido por agências nacionais de notícias, em detrimento do noticiário local. Houve edições, por exemplo, que eram estampadas notícias da campanha de rua em Brasília ou em São Paulo, sem que se apresentassem quaisquer informações sobre a agenda popular dos candidatos ao Governo goiano – e havia, sim, eventos a cobrir.

O Popular também não se preocupou em comentar e explicar os fatos da eleição. Apenas 3 analistas escreveram sobre a campanha em Goiás. Uma delas, a jornalista Fabiana Pulcineli, errou em todas as avaliações que fez (inclusive na previsão de dificuldades e até de derrota para o governador Marconi Perillo) e gastou parte do seu espaço para lamentar os erros da oposição e “ensinar” como poderiam ser melhor aproveitados os temas que, em tese, poderiam desgastar o Governo (o caso Cachoeira, assunto obsessivo de quase 2 dezenas de artigos da jornalista).

Imparcialidade? Não. O Popular fez afirmações que contrariaram a lógica e as próprias pesquisas que publicava. Disse, por exemplo, em manchete garrafal de primeira página, que o empresário Vanderlan Cardoso estava “avançando” – coisa que nunca aconteceu. Um equívoco comprometedor.

O jornal promoveu ainda um debate entre os candidatos, transmitido via internet, com a finalidade de aprofundar a discussão sobre as propostas de cada um. Mas os 2 jornalistas escalados para fazer perguntas, representando o Grupo Jaime Câmara, não quiseram saber de propostas: Fabiana Pulcineli e Caiado Salgado ignoraram o campo das ideias e chegaram até a introduzir picuinhas das redes sociais nos seus questionamentos.

Mais uma: nas sabatinas com os candidatos, também transmitidas ao vivo pela internet, as câmeras mostraram Fabiana Pulcineli teclando ostensivamente no seu aparelho celular, enquanto o governador Marconi Perillo respondia a uma pergunta sua.

Todas as “teses” empalmadas pelas manchetes de O Popular foram por água abaixo. O jornal apostou que um candidato “novo” estaria de acordo com os anseios da população e estaria fadado a vencer a eleição. Acreditou que a taxa de rejeição de Marconi seria uma barreira insuperável para a reeleição. Publicou pesquisas com perguntas mal formuladas que induziram notas baixas da população para a segurança, a saúde e a educação. E se desdobrou na veiculação de declarações de oposicionistas mentindo sobre pesquisas em que seus candidatos estariam com índices melhores e acusando os levantamentos de institutos tradicionais, inclusive os publicados por O Popular, como fraudulentos – sem nenhuma prova.

Equívocos, portanto, de montão. Nenhum, contudo, reconhecido pela equipe de O Popular, que, ao contrário, se arvorou em dona da verdade no editorial publicado nesta semana. Um editorial que, na verdade, tem muito mais a preocupação de exaltar como perfeito o trabalho dos jornalistas do que defender o próprio jornal.

Nada mais longe da verdade.

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