“A simples justificativa de legalidade não se sobrepõe aos princípios constitucionais de moralidade e impessoalidade”, escreve a repórter política Fabiana Pulcineli em seu artigo semanal em O Popular, nesta segunda-feira, ao avaliar negativamente a resposta que o Ministério Público e Poder Judiciário insistem em repetir quando confrontados com a farra de benefícios que turbina as suas respectivas folhas de pagamento.
Mais uma vez, a jornalista lembra que os salários de juízes, promotores e procuradores em Goiás chegam a extrapolar até cinco vezes o teto constitucional – e pergunta: “Auxílio-moradia em valor de cinco salários mínimos até para quem mora na cidade em que trabalha é razoável? Auxílio-moradia retroativo a quatro, cinco anos, é correto? Quem recebe salário de R$ 30 mil necessita de bolsa para comprar livros? Quem tem dois períodos de férias por ano e recebe por ambos deve ter também direito de vender licença-prêmio a valores que equivalem a até três vezes o salário?”.
São questionamentos que o texto, inclusive no título, classifica de “perguntas sem respostas”.
Autora de uma reportagem em O Popular que, há poucos dias, que mostrou que um grande número membros do MP e do Judiciário recebe salários acima de R$ 100 mil mensais, Fabiana Pulcineli aborda com clareza a insuficiência ética da justificativa apresentada pelos beneficiados para o recebimento dos privilégios, que é o detalhe, verdadeiro, de que “tudo está previsto na legislação vigente”. Diz a jornalista:
“Fundamental colocar uma lupa sobre esses pagamentos e seus efeitos –o peso nas finanças públicas, as desigualdades com as demais categorias do serviço público, as desigualdades sociais, os privilégios que existem no País e a discussão da moralidade dos adicionais”.
Ou seja, em resumo: o que é legal nem sempre… é moral.