Artigo do jornalista e escritor Luciano Martins Costa no Observatório da Imprensa faz ponderações importantíssimas para as expectativas de sobrevivência futura da imprensa em papel no Brasil.
Ele situa o encolhimento do jornal O Estado de S. Paulo, desde o último dia 22, como uma demonstração de incapacidade do veículo para enfrentar um ambiente comunicacional realmente aberto e dinâmico, como a internet.
Mais: o articulista amplia essa “incapacidade” e a enxerga na mídia impressa em geral, porque “o mais provável é que, com a internet e as redes sociais, a sociedade tenha ampliado suas ambições e não necessite mais de quem lhe diga o que é ou não relevante como informação no dia a dia”.
“Um contexto social mais diversificado e aberto, como o das redes sociais digitais, não é um ecossistema especialmente favorável a instituições nascidas para impor à sociedade determinada visão de mundo”, diz ele, reportando-se à auto-imagem dos grandes jornais como “formadores de opinião” – o que, com a explosão da internet e das redes sociais, simplesmente deixou de existir.
A conclusão do artigo é desalentadora: não há futuro para os grandes jornais e o Estadão, com a sua reforma encolhedora, simplesmente está antecipando uma situação que mais cedo ou mais tarde vai acometer a todos.
Aliás, ele lembra que o Estadão tem uma das melhores plataformas digitais do Brasil, mas nem isso conseguiu evitar a crise do dornal – a questão não é a simples utilização do meio internet, mas a incompatibilidade da visão de mundo dos grandes jornais com a fragmentação proporcionada pela internet.