O Ministério Público Estadual acaba de conseguir uma decisão da Justiça proibindo as escolas estaduais de exigir uniforme e carteira de identificação para que os alunos tenham acesso às aulas.
A medida, aparentemente democrática, acaba gerando efeito contrário: ela facilita que bandidos e, enfim, pessoas que não estudam nas escolas tenham acesso ao interior dos prédios educacionais.
A jornalista Andréia Bahia, no Portal 730, condena duramente a medida e explica por quê: ela aumenta a liberdade dos alunos dentro das escolas públicas, que já se encontra em limites intoleráveis, criando uma anarquia que não favorece o processo pedagógico.
Andréia diz que os promotores que conseguiram proibir a exigência de uniforme estudaram em escolas particulares e nunca pisaram em uma escola pública, portanto desconhecem a realidade desses estabelecimentos.
Leia o artigo completo:
MP presta um desserviço à escola pública
ao proibir a exigência do uniforme
A escola pública no Brasil e em Goiás adotou uma espécie de liberalismo no que diz respeito à disciplina que tem invertido os papéis entre aluno e professor. Bem diferente das boas escolas particulares, que se mantêm conservadoras nesse quesito. Nas últimas, o aluno que não se adequar às regras da escola, o que significa ter horário rígido, obedecer ao professor e usar uniforme, corre o risco de ser expulso. As públicas se negam a impor limites aos seus alunos. Resultado dessa liberalidade: hoje, dentro dos muros das escolas públicas, quem manda é o aluno. Esse poder se manifesta tanto na negação às regras e normas da escola como no enfrentamento físico com professores e na violência contra alunos e mestres. Os relatos de professores que literalmente apanham de alunos crescem no noticiário e, não raras vezes, os professores que denunciam a violência são punidos pela direção das escolas.
E não é que os alunos acabam de ter mais uma vitória. Não serão mais obrigados a usar uniforme e, para entrar na escola, não vão precisar mostrar nenhum cartão de identificação, as chamadas carteirinhas. O triunfo foi intermediado pelo Ministério Público, que entrou com ação na Justiça para garantir mais esse naco de liberdade aos verdadeiros “donos” da escola pública.
Distante da realidade dessas escolas, o Ministério Público não percebe que, além de estar escancarando as portas das escolas para malfeitores que, a partir de agora, não terão sequer o trabalho de pular os muros das escolas estaduais e municipais para vender droga ou assediar os alunos; entrarão pela porta da frente, está tirando da escola a premissa de que, a partir dos portões, todos são iguais e sujeitos às mesmas regras. A padronização não foi criada para combater a discriminação entre os alunos, como pensa o MP. Vem reforçar a ideia de que, para a escola, todos são iguais.
Por outro lado, o uso do uniforme tem também um efeito psicológico. Diferencia o espaço da escola dos demais locais frequentados pelos alunos para diversão e entretenimento. Não deveria ir à escola a roupa que frequenta o shopping, o clube e praça. O uniforme reverencia a escola – espaço sagrado do saber – tal qual a roupa nova a missa. O que se verá daqui para frente serão meninos com bermudas e camisetas e garotas com shorts e decotes totalmente inadequados para o ambiente escolar. E nesse mundo de liberalidade, o professor que se chocar com a falta de decoro de algum aluno certamente será acusado de discriminação e taxado de moralista.
Os promotores do Ministério Público, que estudaram nas conservadoras escolas particulares e certamente nunca pisaram em um colégio estadual, contribuem para a descaracterização da escola pública como local exclusivo de aprendizado e conhecimento e, para atender a uma liberalidade esquerdista que atenta contra a autoridade do professor, aumentam os direitos daqueles que no âmbito da escola deveriam ser iguais e disciplinados.