Aliados do pré-candidato ao governo de Goiás Júnior Friboi acreditam que a maior dificuldade dele se apresentar como postulante ao Executivo não é sua pouca habilidade em falar em público ou realizar reflexões mais compreensivas da realidade goiana. Muito menos os problemas enfrentados por suas empresas, com inúmeros processos judiciais no Brasil e o escândalo recente da carne de cavalo na Europa. O maior problema de Friboi seria sua incapacidade de articular a própria candidatura. Faltam a Friboi um vice e uma chapa de candidatos ao Senado. Sem eles é impossível entrar em campo.
Este problema não é novo, mas estrutural nas campanhas de Goiás. Toda eleição surge um candidato sem capilaridade e perde a eleição. Em 2010, por exemplo, Vanderlan teve o mesmo problema: lançou Ernesto Roller para vice e o cantor sertanejo Renner e o ex-prefeito Paulo Roberto Cunha para o Senado. Deu no que deu: inexperiente, Renner (em um ato mais inédito do que renúncia de papa) abandonou a corrida eleitoral e Paulo Roberto teve desempenho pífio. Até mesmo o cacique Iris Rezende (PMDB) teve problemas: lançou Marcelo Melo como vice e Adib Elias (PMDB) e Pedro Wilson (PT) para o Senado. Fracasso total também.
Sem um grupo forte, Friboi não vence as eleições. Não bastasse, são poucos os que se apresentam para serem candidatos a deputado federal e estadual. Nesta guerra, o exército ainda não existiria. Daí a preocupação do grupo, que já começa a pensar em debandar ou jogar a toalha. Integrantes do partido já pensam em apoiar ou Marconi Perillo
(PSDB) ou o candidato indicado pelo PMDB.
Brigado com Ronaldo Caiado (DEM) e Vanderlan (sem partido), restaria ao empresário o esforço de cooptar Iris Rezende ou algum petista. Mas nenhum deles abriria mão da cabeça de chapa na disputa. De fato, seria mais fácil Júnior, sem experiência política nenhuma, entrar na fila de um dos pré-candidatos.
A estratégia política de Friboi lembra muito o padrão de comportamento adotado por Henrique Meirelles, ex-presidente do Banco Central. Ele chegou a Goiás no início da década de 2000 após um exílio de décadas no exterior, como um virtuoso financista de banco privado (Banco de Boston). E já chegou querendo a janelinha: queria ser candidato ao governo ou, no mínimo, ao Senado.Meirelles teve que entrar na fila e acabou disputando a Câmara dos Deputados. Inexplicavelmente teve a maior votação de Goiás e , inexplicavelmente de novo, abandonou Goiás para atuar ao lado do presidente Lula. Saiu do partido que o elegeu e se aproximou do PT e PMDB e hoje está no PSD. Não é à toa que se aproximou de Friboi e foi
trabalhar para ele. Agora a diferença entre um e outro começa nas centenas de livros lidos por um e no currículo que Meirelles escreveu longe da barra da calça do pai do outro.
Da mesma forma, falta a Friboi a paciência de formar-se político e formar sua militância. Para se ter ideia, em Goiânia, seu candidato, Richard Nixon, sequer foi eleito vereador. Diante de cenário tão complexo, resta articular voos mais baixos do que almejava. A questão é saber o que Friboi pode oferecer para ser ele o candidato a vice-governador, senador ou, na pior das hipóteses, deputado federal.
É do estadista britânico Winston Churchill uma das melhores metáforas da atividade partidária: “A política é quase tão excitante como a guerra e não menos perigosa. Na guerra a pessoa só pode ser morta uma vez, mas na política diversas vezes”. A se pautar pela frase do célebre inglês, Júnior Friboi pode escolher: ou morre pela primeira vez (na política, claro) ou segue vivendo dos lucros fantásticos de sua rede de empresas.