sábado , 23 novembro 2024
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Tribuna do Planalto: Marconi nega candidatura ao governo, mas é candidato, sim

Em reportagem, o jornal Tribuna do Planalto diz que embora tenha declarado que não é candidato, Marconi Perillo tem como alvo a reeleição no ano que vem.

Veja:

Discurso de um lado, ações de outro

Governador afirma ser “quase impossível” ser candidato novamente, mas atitudes políticas e administrativas nos últimos dias deixam a impressão de que o tucano tem como alvo justamente a reeleição no ano que vem

Daniel Gondim – Repórter de Política

 

Governador Marconi Perillo durante transferência da capital para a Cidade de Goiás: tucano busca aumentar ações
A velha máxima da di­ferença entre o discurso e a prática po­de ser aplicada às a­ções do governador Marconi Perillo (PSDB) em relação à possibilidade, ou não, de disputar mais uma vez o governo do Estado. Há duas semanas, ele chegou a classificar como “quase impossível” uma nova candidatura, mas, por outro lado, as suas ações políticas e administrativas apontam exatamente para a direção oposta – a de que o tucano tenta viabilizar mais uma disputa pelo Palácio das Esmeraldas.
O discurso pôde ser conferido no dia 16 de julho, em evento realizado no Palácio Pedro Ludovico Teixeira, quando, em entrevista coletiva, Marconi negou intenção de ser candidato. “É muito difícil que eu venha a ser candidato de novo. É quase impossível. Estou satisfeito com meu terceiro governo. Não tenho an­siedade nenhuma”, declarou.
Já a prática pode ser vista nas ações administrativas e políticas do governo (veja o quadro), principalmente ao perceber que as principais obras estão previstas para serem inauguradas entre maio e junho de 2014, justamente o período final para a realização das convenções partidárias. Além disso, Marconi já busca até mesmo alianças políticas para 2014, como é o caso das recentes conversas com o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB).
Assim, com as ações de­nun­ciando o que seria a real intenção do governador, o discurso de não ser candidato serviria como um “escudo”. “Ele é candidato. Com essa de­­cla­ração, Marconi só quer sair um pouco do foco dos a­taques da oposição e até de alguns aliados, que já estão pensando em 2014 e cobrando muito por espaço em chapa. As obras para o meio do ano vem e buscar o apoio do E­duardo Cam­pos são sinais disso. Ele não iria costurar um apoio para outra pessoa”, avalia um auxiliar.

Candidato
Outros aliados também concordam em analisar as declarações do governador como um despiste. “Tem um ditado em política que diz que quando o político fala que não é candidato, pode-se traduzir por ‘talvez eu seja candidato’. Então, quando o governador fala que é muito difícil, na verdade ele é candidato”, afirma o prefeito de Goiané­sia, Jalles Fontoura (PSDB), que classifica como correta a estratégia do governador.
“Essa é uma posição tática e correta de tirar essa carga e cobrança dentro de um momento de impopularidade que Marconi está passando para ter tempo de fazer um bom governo”, analisa o tucano (leia entrevista completa nas páginas 4 e 5).
Essa, por sinal, é a interpretação majoritária entre os aliados do governador. Para eles, além de tirar um pouco o foco de cima de Marconi, a declaração serviria também para deixar preparado o terreno caso ele não consiga superar os desgastes e viabilizar a candidatura. Assim, se isso ocorresse, o discurso de desprendimento estaria sendo divulgado desde antes.
Nesse sentido, a informação de que Marconi pretende continuar no governo até o fim do mandato, divulgada pelo jornal O Popular na última semana, seria mais um indício dessa estratégia. Ao declarar que fica no cargo, ele aposta que os projetos em desenvolvimento vão ter êxito em recuperar a sua popularidade, levando-o a disputar a reeleição.
São as obras, portanto, que mostram a real intenção do governador. Até junho de 2014, o governo quer entregar os principais compromissos firmados na campanha de 2010. Dentre elas, estão, por exemplo, o Centro de Exce­lência do Esporte, que inclui a reconstrução do Estádio Olímpico, o Hospital da Re­gião Noroeste, chamado de Hu­go 2, três viadutos em ro­do­vias estaduais que ligam Goiânia ao interior, além do Centro de Recupe­ra­ção de De­pendentes Químicos (Credeq), em Aparecida de Goiânia.
Todas as obras citadas foram iniciadas em 2013 e têm previsão de conclusão até junho de 2014, mês que coincide com o afunilamento da discussão em torno das candidaturas ao governo – com exceção dos viadutos nas saídas para Trindade e Inhumas, que estão previstos para serem entregues até o fim do ano. Como os partidos têm até o fim de junho para realizar as convenções partidárias, Mar­coni, se entregar os projetos, teria condições de mostrar resultados práticos e alavancar seu nome para a reeleição.
Além disso, a estratégia de comunicação do governo também trabalha nesse sentido. A partir de agora, todas as grandes obras são entregues com festas que mais parecem eventos de campanha. A inauguração da Rodovia dos Romeiros, no final de junho, por exemplo, teve caminhões com placas que mostravam todas as grandes obras que estão sendo exe­cu­tadas pelo governo do Estado.
Além disso, durante toda a extensão da rodovia recém-inaugurada, foram espalhadas placas que destacavam não só a reforma da estrada, mas também outras obras, como a duplicação da GO-020, que liga Goiânia a Bela Vista, e as construções do Centro de Excelência, do Hugo 2 e até do Centro de Convenções de Anápolis.

Política
Paralelamente à questão administrativa, politicamente o governador também não consegue esconder as suas pretensões para 2014 e suas ações deixam pistas de que ele está, sim, vivo no processo eleitoral. No início do mês, por exemplo, ele entrou em bate-boca com o principal adversário, o ex-prefeito de Goiânia Iris Rezende (PMDB). Na semana passada, voltou a falar do peemedebista, sugerindo que ambos desistissem de uma candidatura em 2014.
Os ataques são indícios de que Marconi age para se fortalecer e, de quebra, enfraquecer adversários. Nesse sentindo, o recente interesse de Perillo pelo governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), pode ser entendido como uma resposta às movimentações do ex-prefeito de Senador Canedo e concorrente do tucano ao governo em 2010, Vanderlan Cardoso (PSB), que é apontado como pré-candidato ao Palácio das Esmeraldas.
Vanderlan, que se filiou em maio ao PSB para dar seguimento ao projeto de ser governador do Estado, tem em Eduardo Campos um de seus principais aliados. Mes­mo assim, Marconi não se importou e iniciou conversas com o pernambucano sobre um possível apoio do socialista já no primeiro turno.
O primeiro passo foi dado em um jantar do tucano com Eduardo, cujo principal tema foi a discussão da alíquota do ICMS, no início do mês. Na época, Vanderlan negou qualquer conteúdo político no encontro. Na última semana, porém, o chefe do Executivo goiano deu um sinal ainda mais explícito de que corteja o pernambucano – convidou o socialista para receber a comenda da Ordem do Mérito Anhanguera, a mais alta condecoração do Estado.
A homenagem seria entregue durante a transferência da capital do Estado para a cidade de Goiás, ocorrida na sexta, 26. O governador de Pernam­buco, porém, não compareceu, alegando problema de agenda. Nos bastidores, Vanderlan e o deputado Ronaldo Caiado (DEM) teriam trabalhado pa­ra evitar que o socialista vies­se a Goiás. Marconi Pe­rillo, porém, não deve desistir do apoio e tem tudo para man­ter o diálogo até o mo­mento da decisão, no ano que vem.

Presidente afirma que agenda coincide

O presidente do diretório regional do PSDB, Paulo de Jesus, vê com naturalidade o fato dos principais projetos do atual mandato de Marconi Perillo estarem previstas para o meio do próximo ano, período das convenções partidárias. O líder tucano sugere que tudo não passa de uma coincidência, já que o governo começou um ritmo mais acelerado de obras apenas em 2013.
“Ficou tudo atrasado. Nos dois primeiros anos, deu para fazer alguma coisa, mas ficamos praticamente só consertando. Dá essa impressão que Marconi está preocupado com a questão política, mas ele está preocupado mesmo é em cumprir os compromissos firmados na campanha de 2010”, defende o dirigente tucano, negando qualquer interesse pela projeção eleitoral que a realização das obras pode trazer.
Justamente por isso, Paulo de Jesus é um dos que, pelo menos momentaneamente, acredita que o governador fala sério quando diz que não será candidato. “Nesse momento, eu sinto que pelo que ele falou é quase impossível mesmo. Ele está focado é no governo, essa é a verdadeira preocupação”, avalia.
Os motivos para o “atraso” seriam as dificuldades administrativas e políticas vividas nos dois primeiros anos do mandato. Em 2011, os aliados falam com orgulho da reorganização financeira no Estado, promovida por Marconi. Em 2012, po­rém, o problema foi político, já que o governador teve de conviver com os desgastes oriundos do suposto envolvimento com o bicheiro Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoei­ra, segundo os relatórios da Operação Mon­te Carlo, da Polícia Federal.
Por isso, em todos os discursos desde o fim do ano passado, já havia uma expectativa pela realização das obras em 2013 e 2014. “Nosso governo está em uma fase de decolagem. Vamos chegar ao fim deste governo com uma aceleração bem maior. Vamos colher muitas coisas positivas”, disse Marconi, no evento realizado no dia 16 de julho. (D.G.)

Pistas de que Marconi pavimenta candidatura à reeleição

Obras para 2014
Marconi quer entregar grandes obras na Grande Goiânia até junho, último mês para as convenções partidárias. O Centro de Excelência do Esporte, o Credeq de Aparecida, o Hugo 2 e os viadutos nas saídas de Trindade, Inhumas e Nerópolis são a aposta do tucano para mostrar serviço na região onde ele tem os menores índices de aprovação no Estado.

Ações nos bastidores
Comprometido com pré-candidatura do ex-prefeito de Senador Canedo, Vanderlan Cardoso (PSB), ao governo em 2014, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB) foi alvo de assédio do governador no início do mês. Em um encontro para discutir assuntos econômicos, Marconi tentou aliança com o pernambucano já para o primeiro turno da eleição, atropelando o socialista goiano.

Embate político
Outro indício da intenção de Marconi é o embate político com Iris Rezende (PMDB). No último mês, o governador rebateu com força críticas feitas pelo ex-prefeito de Goiânia. Depois, em entrevista ao O Popular, desafiou o peemedebista para que ambos deixem de lado candidaturas em 2014. Por fim, ainda ao jornal, declarou que, se não tentar a reeleição, Iris surge como o nome mais forte, se mostrando como alternativa mais viável.

Reforma do secretariado
A tão falada reforma do secretariado é um bom sinal de que Marconi quer mesmo ser candidato. Em entrevista ao jornal O Popular, o governador sinalizou que o segundo semestre será de mudanças na equipe de secretários. A intenção é aprimorar a máquina administrativa, já deixando tudo pronto para 2014, ano decisivo para as pretensões eleitorais da base aliada.

Governo Junto de Você
O programa leva serviços à população no Estado e, segundo dados do governo, já atendeu 615 mil pessoas nas dez edições realizadas até agora. O número deve aumentar, já que até o fim de dezembro, por exemplo, só não haverá edições em duas semanas. O governador faz questão de participar da abertura do programa em cada município visitado.

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