Veja matéria do jornalista Helton Lenine, no Diário da Manhã, publicada no jornal:
Oposição, mais uma vez, dividida?
Nas últimas eleições para o governo de Goiás, a oposição apresentou-se dividida, levou a definição do pleito ao segundo turno e perdeu para o grupo do governador Marconi Perillo
Diário da Manhã
Helton Lenine
A pré-campanha para o governo estadual começou, em janeiro deste ano, com um ingrediente novo no debate político: desta vez, a oposição vai se unir para enfrentar o governador Marconi Perillo (PSDB) já no primeiro turno?
Em eleições anteriores, como as de 2002, 2206 e 2010, por exemplo, as chamadas oposições goianas marcharam divididas, com dois ou três candidatos, o que acabou proporcionando, em quase todas, a disputa final no segundo turno. E a oposição sofreu derrotas seguidas.
Desde 1998, quando o então surpreendente candidato do PSDB, Marconi Perillo, resolveu enfrentar o favorito Iris Rezende (PMDB), vencendo as eleições no segundo turno, alcançando, ano que vem, 16 anos do grupo marconista no poder em Goiás, a oposição nada e morre na praia.
Enquanto que a base aliada de Marconi Perillo busca formatar uma aliança eleitoral com 14 partidos, na tentativa de assegurar a reeleição do governador, a oposição sinaliza a possibilidade de lançar dois ou três nomes ao Palácio das Esmeraldas, o que adiaria, mais uma vez, a definição para o segundo turno.
Em 1994, o PMDB estava no poder, lançou o então vice-governador Maguito Vilela à sucessão estadual. A oposição dividida, apresentou Ronaldo Caiado (PFL) e Lúcia Vânia (PP). Maguito e Lúcia Vânia foram para o segundo turno. Caiado desapareceu dos palanques e Lúcia Vânia perdeu para Maguito.
Em 1998, com o PMDB completando 16 anos no poder, a oposição uniu-se em torno do jovem Marconi Perillo, então deputado federal. E qual foi o resultado? Marconi derrotou o favorito e nunca mais perdeu eleições em Goiás.
Em 2002, mesmo com a oposição dividida – Maguito Vilela (PMDB) e Marina Sant’Anna (PT), o governador Marconi Perillo (PSDB) conseguiu reeleger-se já no primeiro turno.
Em 2006, Alcides Rodrigues Filho (PP) venceu o ex-governador e então senador Maguito Vilela (PMDB) no segundo turno, com a oposição contando também com Barbosa Neto (PSB) e Demóstenes Torres (DEM), Elias Vaz (PSol) e Edward Júnior (PSDC).
Em 2010, Marconi Perillo conquista seu terceiro mandato, também no segundo turno, tendo como adversários Iris Rezende (PMDB) e Vanderlan Cardoso (PR).
CENÁRIO PARA 2014
Para 2014, o cenário mostra que o PMDB e o PT estarão juntos, na mesma chapa para governador, vice e senador, garantindo assim palanque fortalecido à campanha de reeleição da presidência da República. Ex-governador e o empresário José Batista Júnior disputam a candidatura ao Palácio das Esmeraldas. O PT deve indicar o candidato a vice ou a senador.
Mas existem petistas radicais, como Mauro Rubem, Karlos Cabral, Djalma Araújo e até Rubens Otoni que desejam a cabeça de chapa com o PT e não com o PMDB. Petistas chegam a insinuar que os peemedebistas não tem uma “opção nova” para lançar à sucessão estadual, uma direta descartada das pré-candidaturas de Iris Rezende e Júnior Friboi. Esse ambiente só divide ainda mais o bloco oposicionista. A bola da vez dos petistas é o prefeito de Anápolis, Antônio Gomide.
Nas entrevistas, os cardeais oposicionistas, principalmente do PT e PMDB, utilizam-se do chavão: oposição dividida é comida da onça chamada PSDB marconista. Mas, na prática, fazem algo para unir a oposição, incluindo a terceira via?
A chamada terceira via, que conta com o DEM de Ronaldo Caiado, PSB de Vanderlan Cardoso, PDT de Flávia Morais, PSC de Joaquim Jacinto de Lima e PRP de Jorcelino Braga, prepara o lançamento de chapa completa: governador, vice e senador. Caiado e Vanderlan querem um “novo eixo” na política goiana, com o objetivo de acabar com a “dicotomia” PSDB marconista e PMDB irista. Assim, a sucessão estadual de 2014 deverá ser decidida no segundo turno.
Marconi Perillo (PSDB) não confirma se será candidato ao quarto mandato. O governador prefere deixar essa decisão para janeiro de 2014, porque quer, primeiro inaugurar as obras que o Estado vem realizando, em diversas áreas da administração. A base aliada não tem outra opção competitiva e o cenário antevê novo enfrentamento semelhante ao de 2010: Marconi, Iris e Vanderlan, com a definição ocorrendo apenas no segundo turno.
Marconi e Iris Rezende ensaiam polarização
Em menos de uma semana, pelo menos duas declarações do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), revelam uma estratégia traçada para “desenhar” o cenário eleitoral de 2014. O objetivo é simples: reeditar a disputa de 2010 entre o tucano e o peemedebista Iris Rezende, a quem a estratégia também agrada. Os dois creem que a melhor chance para ambos está em se enfrentarem mais uma vez nas urnas – a terceira.
Marconi Perillo deixa evidente sua preferência por enfrentar Iris ao afirmar que, se desistir da disputa, “ele (Iris) fica muito forte”. A declaração reforça a opinião já manifestada pelo governador de que, se Iris se lançar mais uma vez, não lhe restaria alternativa a não ser ir para o confronto como arquirrival.
Perillo tem lançado mão de declarações retóricas para estimular a discussão em torno da polarização com Iris. Primeiro, disse ser quase impossível concorrer à reeleição. Agora, sugere que ambos deixem de disputar, para atender a uma necessidade de renovação manifestada pelo eleitorado na pesquisa Serpes/O Popular do último dia 16.
Ao lançar a desconfiança, o governador, ao contrário do que poderia parecer, estimula a discussão sobre a necessidade da recandidatura dentro da própria base governista, que até agora não apresentou nomes com densidade eleitoral. À unanimidade, líderes aliados reforçam que, sem Perillo, não há salvação aparente.
Entre os adversários, porém, as negativas do tucano geram um efeito adverso. A hipótese do lançamento de outro nome nas últimas horas para a definição de candidaturas pode deixar a oposição sem tempo para reagir. Mas há que se concluir que, inversamente, uma novidade no campo oposicionista também povoa os temores aliados.
Por essa razão, através de raras declarações próprias e na contumaz militância da mulher, a deputada federal Iris Araújo (PSDB), o peemedebista adotou a estratégia de estimular a polarização. Nas redes sociais, um exército de apoiadores nas redes sociais elegeu Perillo como alvo, com críticas duras e contumazes.
Os petardos caem também sobre aqueles que, nas hostes peemedebistas e petistas, fazem a mínima menção sobre a possibilidade de renovação, como aconteceu como prefeito de Aparecida de Goiânia, Maguito Vilela, que foi chamado de frouxo por Dona Iris.
Em síntese, Iris e o tucano têm um acordo extraoficial para costurar um cenário que os apresente mais uma vez como possibilidade exclusiva no ringue na disputa governamental.
Os nomes apresentados na pesquisa Serpes aparentemente não incomodam aos dois líderes. Se o levantamento mostrou que o eleitor quer renovação, esse desejo não ficou evidente nos índices obtidos por nomes que poderiam preencher essa lacuna: Vanderan Cardoso (PSB), Ronaldo Caiado (DEM), Antônio Gomide (PT), Júnior Friboi (PMDB) e Paulo Garcia (PT). (Com informações do Site Goiás 247)