Assim que a Assembleia Legislativa aprovar o projeto encaminhado pelo Ministério Público Estadual, criando mais 127 cargos comissionados na sua estrutura, a instituição chegará a um percentual de praticamente 40% de cargos destinados ao preenchimento “político” em seu quadro de pessoal.
O dado simplesmente tira do MP Estadual a condição moral de questionar outros Poderes, fato muito corriqueiro: a instituição vive atacando, inclusive judicialmente, órgãos públicos nos quais enxerga excesso de cargos de comissionados, em detrimento de cargos de provimento efetivo.
Na edição desta quarta-feira, em O Popular, um desembargador aposentado e ex-presidente do Tribunal de Justiça, Paulo Teles (na foto), desenvolve essa linha de raciocínio e vê, a partir de agora, o MP Estadual sem “condições morais” para levantar questionamentos sobre cargos comissionados em outros Poderes.
Diz Paulo Teles: “Em recente data (promotores) ocuparam generosos espaços da mídia para exigir dos Poderes Judiciário, Executivo e Legislativo, a feitura de concurso público para as funções ocupadas por comissionados, e a redução destes a um número impraticável frente às necessidades da gestão pública, segundo seus responsáveis. Autoproclamados como únicos defensores da transparência, moralidade e impessoalidade da administração pública, viram-se (os promotores) repentinamente enredados nas teias da maledicência e da justa censura pública”.
Conclui o ex-presidente do TJ-GO perguntando: “E a transparência? Bem, pelo menos esta salta aos olhos, segundo o preceito quase-bíblico do ‘Mateus primeiro os meus’. É o típico caso de que na prática a teoria é outra”.