Veja texto do Jornal Opção sobre a TV Anhanguera
Direção do Grupo Jaime Câmara veta “gracinhas” com entrevistados na TV Anhanguera
Os profissionais de jornalismo da TV Anhanguera estão proibidos de constranger com piadas e gracinhas seus entrevistados. A determinação é do presidente do Conselho de Administração do Grupo, Jaime Câmara Júnior, e de seu diretor de Telejornalismo, Ronaldo Ferrante.
A medida foi tomada depois de a Anhanguera passar a sofrer ameaças de boicote por dirigentes de órgãos da Prefeitura de Goiânia e do governo do Estado, que reprovam a conduta de repórteres da emissora que agem com irreverência e, sobretudo, desrespeito. O principal alvo é o mineiro Saulo Lopes, tido na redação como o “queridinho” do chefe Orlando Loureiro. Extrovertido, Saulo tem cantado e até dançado com seus entrevistados — o que lembra o jornalismo da década de 1950. Há pouco tempo, totalmente fora de propósito, ele cantarolou “Sol de Primavera”, de Beto Guedes, para a secretária municipal de Trânsito, Patrícia Veras. Não é à toa que, em termos de audiência, a Anhanguera perdeu o primeiro lugar para a TV Serra Dourada. A tentativa de folclorizar os goianos, atribuída a Orlando Loureiro, não está pegando bem.
Júnior Câmara e Cristiano Câmara certamente não vão permitir que um executivo tente desmoralizar os goianos. As críticas e notas referentes à crise na Anhanguera já ganharam importância nas reuniões de pauta. Pessoas de dentro da redação dizem que o próprio Orlando Loureiro ironiza seu grupo sobre o vazamento de informações, com expressões como “ouviu bem, fonte do (Jornal) Opção?”.
Orlando Loureiro talvez não saiba, mas as fontes não são repórteres e editores, e sim a própria direção do grupo, seus superiores. Para a nota sobre o esvaziamento de Fátima Roriz, o jornal ouviu a própria executiva. Para as outras, ouviu alguém da direção. Ele que fique de olho: está prestigiado hoje. E amanhã? Mas seus eventuais erros, depois que for embora — e um dia irá —, ficarão não na sua cota, e sim na cota de Júnior Câmara e Cristiano Câmara. Eles terão de “aparar arestas”.
Os Câmara, que são empresários sérios e têm forte identidade com seu Estado, sabem que não devem permitir que seus meios de comunicação tentem “desmoralizar” os goianos. Ser crítico é uma coisa — e é fundamental —, ser desrespeitoso é outra coisa. Os Câmara deveriam contratar um profissional isento para apontar os erros que têm sido cometidos pela Anhanguera. A jornalista Cileide Alves, que aprecia televisão e sabe pensar e escrever, deveria produzir um relatório diário. Ela é a ombudsman ideal para Anhanguera. A solução local certamente evitará recomendações da própria cúpula da TV Globo, que está cada vez mais atenta à qualidade das emissoras regionais. A Anhanguera sempre seguiu o padrão globo de qualidade. Vai perdê-lo? Orlando Loureiro, profissional competente e sério, certamente vai lutar para manter este padrão. Não vai permitir que os goianos sejam avacalhados e que os profissionais se apresentem como palhaços de circo.