O fato do deputado Samuel Belchior, definido pela Polícia Federal como “membro da estrutura da organização criminosa” que desviava recursos de fundos municipais de pensão, ser filho do médico Lauro Belchior, que por muitos anos presidiu o Instituto de Previdência dos Servidores do Município de Goiânia, obriga a que o prefeito Paulo Garcia (PT) dê imediata divulgação à lista de aplicações dos recursos do IPSM.
Seria mera coincidência a atuação de Samuel Belchior na área de investimentos previdenciários, tendo sido o seu pai o presidente do maior fundo de pensão municipal do Estado?
O site do IPSM não é transparente. Não há informações atualizadas sobre as aplicações dos recursos do fundo municipal de pensão da Prefeitura de Goiânia. Mas, entre os poucos dados disponíveis, um chama a atenção uma aplicação de R$ 10 milhões, em 2011, em um dos fundos que aparecem na Operação Miquéias, da Polícia Federal – o Conquest Fip.
Em 2011, o médico Lauro Belchior, pai do deputado Samuel Belchior, presidia o IPSM, quando foi declarada a aplicação de R$ 10 milhões no Fundo Conquest Fip – citado, repita-se, no inquérito da Operação Miquéias.
Apesar da obrigação legal de tornar público os investimentos previdenciários do fundo de pensão da Prefeitura de Goiânia, isso não é feito pelo prefeito Paulo Garcia. O portfólio de aplicações é praticamente secreto.
Mais: o advogado Cristiano Lefevre, um dos investigados pela Operação Miquéias, que foi gestor do fundo de pensão da Prefeitura de Catalão, é o atual presidente da Associação Goiana das Previdências Municipais (Agoprem). Lefevre teve a sua prisão temporária pedida pela Polícia Federal, mas o Tribunal Federal só autorizou a sua condução coercitiva para prestar depoimento. Os investigadores federais acreditam que Lefevre é o braço operacional da quadrilha em Goiás e que pode ter sido ele quem aliciou Samuel Belchior para atuar na parte da aproximação política.