De volta das férias, a editora-chefe de O Popular, Cileide Alves, volta também ao seu tema obsessivo: a classe política e as suas intermináveis mazelas.
Mais uma vez, ela lembra que as manifestações de rua, em 2013, não resultaram em mudança de comportamento para os políticos, que continuam “nas mesmas condições degradantes”.
É verdade.
Mas a memória de Cileide é seletiva. A jornalista se esquece de que os protestos de rua, em 2013, foram também contra a grande imprensa, acusada de servir aos interesses dos poderosos e ir contra os anseios populares.
Em Goiás, o Grupo Jaime Câmara foi alvo dos manifestantes. Carros da Televisão Anhanguera foram depredados. Configurando um caso único no país de ataque a jornal impresso, um veículo de O Popular foi destruído. A própria sede do GJC foi cercada, sendo necessária a presença da tropa de choque da PM para impedir uma eventual invasão.
Se os políticos não mudaram, como afirma Cileide, os órgãos da grande imprensa também não.
Todas as recriminações que a jornalista faz à classe política, no seu artigo, servem como uma luva para a maioria dos veículos de comunicação de grande porte do país, inclusive os do Grupo Jaime Câmara, até mesmo a conclusão (apesar da redação confusa): “Exigir visibilidade tanto do processo eleitoral e transparência das ações de interesse público é o bom caminho para melhorar nossa debilitada democracia”.
A “processo eleitoral” e a “ações de interesse público” é só acrescentar mais um item: “jornalismo”.