Veja matéria do site Brasil 247:
Friboi flerta com Caiado em nova ameaça a Dilma
Movimentação do PT de Goiás para lançar candidatura própria no Estado irrita empresário do PMDB, que volta a cogitar uma aproximação com o líder do Democratas na Câmara; ameaça, porém, soa como blefe; Caiado já qualificou o empresário de “sanguessuga do produtor rural”; deputado acusa Grupo JBS (da família de Friboi) de cartelização e defendeu CPI para investigar financiamentos do BNDES
Realle Palazzo-Martini – do Goiás247 – O empresário Júnior Friboi (PMDB), pré-candidato do PMDB ao governo de Goiás, resolveu insistir numa aproximação com o líder ruralista Ronaldo Caiado. Os acenos do dono do grupo JBS ao deputado democrata reforçam ameaça feita recentemente de que a presidente Dilma Rousseff (PT) ficaria sem o apoio do PMDB goiano caso o PT insistisse em uma candidatura própria ao governo estadual.
Inimigos figadais até pouco tempo atrás, Friboi e Caiado já teriam tido recentemente duas conversas amistosas. A informação é do deputado estadual Francisco Gedda (PTN) – espécie de porta-voz de Friboi – à coluna Giro, do jornalista Jarbas Rodrigues Jr., publicada nesta terça-feira (21) no jornal O Popular, de Goiânia.
A notícia das conversas entre Friboi e Caiado causa surpresa. Pressionado pela sua base política, formada basicamente por agropecuaristas, Caiado tentou emplacar recentemente no Congresso Nacional a CPI do BNDES, instituição financeira federal que irrigou os caudalosamente os cofres do Grupo JBS nos governo do PT. Os produtores rurais de Goiás acusam o Frigorífico Friboi (pertencente ao JBS) de cartelização, manipulando o preço da arroba do boi em prejuízo do homem do campo.
Em 2010, quando Friboi cogitava integrar a chapa (na vice ou ao Senado) que elegeu Marconi Perillo (PSDB) ao governo goiano, a relação do empresário com Caiado desceu a níveis abissais. Friboi declarou que teria relação pessoal e financeira com e a reação do democrata foi feroz.
No seu Twitter, Caiado declarou que pretendia interpelar judicialmente Júnior Friboi: “Não dei autorização para esse mau caráter, chefe de cartel, usar meu nome”. E seguiu nos ataques: “A entrada de Júnior do Friboi na política é a desmoralização do processo político eleitoral em Goiás. Ele acha que se impõe pelo dinheiro.” Caiado classificou Friboi de “sanguessuga do produtor rural” e “desqualificado”.
Uma aproximação entre Caiado e Friboi, portanto, tem cheiro fortíssimo de blefe. Dificilmente o líder ruralista (que sempre enaltece sua coerência) contrariaria suas bases e discurso. Indicaria também uma aliança com um grupo empresarial fortemente ligado aos interesses do Planalto, que o democrata combate com fervor.
A tentativa de Friboi de se aproximar de Caiado, portanto, visaria apenas fazer um rastro de onça ao PT. Aliado do PMDB em Goiás, o partido iniciou nas últimas semanas a discussão sobre o lançamento de candidatura própria em Goiás. O prefeito de Anápolis, Antonio Gomide, manifestou interesse e deve ser oficializado como pré-candidato em reunião da Executiva Estadual da legenda no próximo dia 25.
PT e PMDB têm em Goiás um indicativo de aliança. O PMDB tinha a expectativa de que o PT o apoiasse incondicionalmente após a eleição do prefeito petista de Goiânia, Paulo Garcia. O PMDB, mais especificamente o ex-ministro Iris Rezende (Agricultura e Justiça nos governos FHC), foi peça fundamental na reeleição de Garcia – o petista, aliás, herdou mais de dois anos de mandato na Prefeitura de Goiânia quando Iris desincompatibilizou-se em 2010 para ser derrotado nas urnas por Perillo.
O PT pode até recuar na pretensão de lançar Gomide e apoiar o PMDB. Mas essa situação só deve acontecer caso Iris, o oposicionista mais bem colocado nas pesquisas atualmente, seja o cabeça de chapa. Para o PT, sem Iris, as chances se igualam na oposição.
