Pelo menos dois presidentes de partidos políticos, em Goiás, foram dispensados por um candidato a governador sob o argumento de que “Deus já decidiu, vou ganhar a eleição”.
Um deles, político de sólida formação ideológica e, portanto, ateu, debochou da afirmação do candidato e fez o seguinte raciocínio: “Se a garantia é Deus e se Deus não existe, então a eleição está perdida para esse candidato”.
O outro presidente ouviu a informação sobre a “decisão” de Deus durante um café da manhã na casa do candidato, em um condomínio de luxo em Goiânia, e ficou embasbacado. O candidato o atendeu enquanto comia melão, dava ordens ao jardineiro, atendia telefonemas e lia o jornal (chegou também a discar para um assessor, para repreendê-lo sobre erros em sua página no Facebook). Ele não mostrou o mínimo interesse em conquistar o apoio do partido, demonstrando total confiança na “escolha” que já teria sido feita pelo Todopoderoso e comunicada a ele através da sua esposa.
Mas esse candidato, em discursos e entrevistas, não tem feito menção a Deus nem a questões religiosas, ao contrário de outras eleições, em que o misticismo era o tom dominante das suas falas. Em um desses pleitos, apesar de ter recebido “comunicados” divinos, como afirmou na época, perdeu e não foi sequer para o segundo turno.