segunda-feira , 25 novembro 2024
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João Lemes, em O Popular: “Enquanto a oposição briga entre si, Marconi vai navegando sem ser incomodado”

O editor de política de O Popular, João Lemes, escreve o artigo principal da página de opinião, nesta segunda-feira, apontando os descaminhos da oposição em Goiás, envolvida em uma luta fratricida sem fim.

O jornalista nota que, nas declarações e discursos dos líderes oposicionistas goianos, a impressão que se tem é que os adversários estão entre eles mesmos e não do outro lado, entre os tucanos.

Ele faz referência ao conflito entre Iris Rezende e Júnior Friboi, no PMDB, e entre Paulo Garcia e Antônio Gomide, no PT.

“Enquanto isso, o governador Marconi Perillo (PSDB), que não se lançou na disputa, mas dificilmente deixará de ser o candidato da base, vai navegando sem ser incomodado pelos adversários”, conclui João Lemes.

Veja o artigo de João Lemes (muito melhor que o da repórter política Fabiana Pulcineli, que se perde em divagações pró e contra Iris Rezende, nesta segunda):

Fora de foco

João Lemes

Cada passo que PT e PMDB – os dois principais partidos de oposição ao governo em Goiás – dão fica mais evidente que dificilmente as duas siglas estarão juntas no primeiro turno da eleição de outubro no Estado. A dificuldade maior para uma aliança entre os partidos está mais nos problemas internos de cada sigla do que na discussão da própria união em si. Em artigo neste espaço, no início de janeiro, o jornalista Bruno Rocha Lima já detectava esta dificuldade, que só vem se agravando.

No PT, os grupos liderados pelo prefeito de Goiânia, Paulo Garcia, e de Anápolis, Antônio Gomide – agora referendado pré-candidato ao governo – se dividiram sobre apoiar o PMDB ou lançar um nome para a disputa.

Ouve troca de acusações entre Paulo, defensor árduo da aliança com o PMDB, e Gomide, que sempre pregou que o partido deveria ter candidato. Como o PT é um partido orgânico, mesmo com o embate interno chegou-se a uma definição – não chamaria de consenso, pois o prefeito de Goiânia em todas as oportunidades que tem sempre defende a aliança com o PMDB encabeçando a chapa – pelo nome próprio.

No PMDB, onde ainda prevalece a voz de comando do líder maior, os grupos do ex-governador Iris Rezende e do empresário José Batista Júnior, o Júnior Friboi, parecem longe de um consenso. Os aliados de Iris atuam o tempo todo para desconstruir a candidatura do neopeemedebista, por certo com as bênçãos do ex-governador, mesmo que ele não admita.

O grupo de Júnior Friboi age para minar a força de Iris na sigla. O empresário já conseguiu o apoio de grande parte das lideranças com poder de voto na convenção, atraídos principalmente pela força do poder econômica do empresário. A possibilidade de campanhas proporcionais estruturadas às vezes fala mais alto do que as chances reais de ganhar o governo.

Ao analisar o as declarações do prefeito Paulo Garcia e de Iris Rezende, a sensação é que eles estão em partidos trocados. O petista defende que a cabeça de chapa tem de ser do PMDB, independente de quem seja o candidato. Iris, ao saber que Gomide teria a pré-candidatura homologada, disse que está fora da disputa, deixando o caminho livre para o prefeito de Anápolis, que teria como único empecilho uma candidatura do ex-governador. Os petistas não acreditam que Júnior possa agregar a oposição.

Diante deste quadro, a chance de PT e PMDB se aliarem no primeiro turno em Goiás fica cada vez mais distante. Em eventos públicos, os líderes dos dois partidos se preocupam mais em “avaliar” o adversário interno, no caso aquele que potencialmente seria o aliado.

Enquanto isso, o adversário comum dos dois, o governador Marconi Perillo (PSDB), que não se lançou na disputa, mas dificilmente deixará de ser o candidato da base, vai navegando sem ser incomodado pelos adversários. Os dois principais partidos de oposição dizem que o adversário são os tucanos. Se é isso, o embate entre eles parece fora do foco.

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