Iris Rezende não consegue dar uma única entrevista sem falar em “mutirão”, um sistema que ele lançou quando foi prefeito de Goiânia no início dos anos 60 e que consistia em reunir trabalhadores (o “povo”, enfim), nos fins de semana, para limpar lotes baldios e promover ações de urbanização nos bairros. Tudo à custa de força braçal não remunerada.
Muito bem: isso, quando Goiânia era apenas um arraial perto do que é hoje, talvez até funcionasse.
Quase 60 anos depois, “mutirão” se tornou um anacronismo no mundo moderno. As pequenas cidades de ontem são as gigantescas metrópoles de hoje. E os direitos trabalhistas são amplamente reconhecidos. Retornando à Prefeitura de Goiânia, décadas depois, Iris levou tendas com prestação de serviços públicos para os bairros, mas aí as coisas já mudaram: em vez de trabalhar em troca de um prato de comida, os funcionários municipais recebiam hora extra para fazer no fim de semana o que já faziam em seus horários normais de expediente.
Mas, em pleno século 21, as necessidades agora são outras. E Iris nunca entendeu isso. Quando ele voltou para a Prefeitura, a partir de 2003, seu secretário de Governo, Flávio Peixoto, quis implantar uma rede de dados conectando todos os órgãos municipais, a um custo de R$ 600 mil reais. Iris achou muito e demitiu Flávio.
Resultado: até hoje, a Prefeitura de Goiânia não tem os seus departamentos interligados em rede. Mesmo porque o prefeito Paulo Garcia, apesar de ser bem mais jovem que Iris, é um dinossauro como o velho cacique peemedebista em matéria de tecnologia da informação.
Com tudo isso, o discurso de Iris não mudou nada e é… voltar aos velhos tempos do “mutirão”.