A carta-testamento de Iris Rezende ao PMDB, desistindo da disputa com o bilionário Júnior Friboi pela candidatura a governador, usa argumentos rasteiros e frases demagógicas para justificar o que, no fundo, não passa de uma tremenda derrota para o velho cacique peemedebista.
A história do Brasil registra uma outra carta-testamento, a de Getúlio Vargas, que não fez referências a adversários nem sobre a política miúda do país, na época, para se concentrar em uma visão ampla do processo brasileiro, com o célebre fecho: “Eu vos dei a minha vida. Agora vos ofereço a minha morte. Nada receio. Serenamente dou o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar na História”.
Prestes a dar um tiro no peito, Getúlio teve a grandeza de legar um documento que calou fundo na consciência do país e é relembrado até hoje.
A carta-testamento de Iris, ressalvadas as proporções, não tem nem resquícios da grandeza do documento deixado por Vargas.
Iris se apresenta como um herói solitário, lutando contra tudo e contra todos para atender aos anseios do “povo goiano”. Faz críticas banais ao Governo do Estado, mas também à própria oposição. Ambos – Governo e oposição – estão fragilizados em Goiás. Para resolver essa situação, Iris estava disposto mais uma vez a se “sacrificar” pelo povo, candidatando-se a governador. Infelizmente… não deu.
Em momento algum, na carta-testamento, Iris diz que a sua decisão é definitiva. Ressalta que sai da luta com Friboi “com enorme pesar no coração”, sinal claro de que pode reconsiderar. Como sabem os ilustres leitores do Goiás 24 Horas, Iris jamais foi de contrariar o “apelo” dos companheiros e do povo de Goiás. Se ele for “chamado” de volta…
