Leia reportagem de Welliton Carlos no Diário da Manhã:
A má gestão do prefeito Paulo Garcia (PT) à frente de Goiânia antecipa as discussões em torno das eleições de 2016. Nesta semana, a Câmara Municipal analisa um pedido de impeachment contra o gestor, protocolado por professores na última quinta-feira.
A crise financeira enfrentada pela Prefeitura é a maior de sua história em volume de recursos envolvidos e a administração tem se endividado – o que leva a preocupações até mesmo de quem deseja disputar a eleição. Afinal, será uma gestão fácil? Parece que não.
Conforme João Luís Rabelo, cientista político, a gestão petista é uma “bomba”. Para ele, dificilmente se conseguirá reverter os efeitos negativos dos últimos dois anos e recuperar a base municipal para disputar e vencer em 2016. Para piorar, a herança maldita ficará para o próximo gestor. “Acredito que pode ter um fato novo. Além disso, a base do PMDB e PT estão nitidamente ameaçadas. Paulo não conseguiu imprimir o ritmo de Iris e ao mesmo tempo coloca em suspeição todo esse grupo ”, analisa.
Itami Campos, cientista político da Unievangélica e da Universidade Federal de Goiás (UFG), explica que ainda é cedo para falar das eleições de 2016. “Existe um quadro em que muitos podem ser candidatos. Até o PT pode lançar, apesar da dificuldade de gestão de agora. Tem que ver como eles conseguirão explicar isso”.
Para Itami, os quadros surgirão de forma mais clara e espontânea após as eleições de outubro. E um dos motivos é que toda eleição é uma espécie de guerra e os vencedores carregam com eles espólios. Assim, tanto a situação (PSDB e coligados) quanto oposição (PMDB e coligados) podem desejar competir em 2016 e carregar os sinais da vitória conquistada em outubro.
O que todos concordam é que não será uma eleição fácil e frágil como a anterior, de 2012, quando Paulo Garcia foi eleito menos por ser um político reconhecido e mais pela falta de candidatos alternativos.
NOMES ASCENDENTES
A disputa de 2016 abre um enorme leque de nomes ascendentes. Do lado da oposição, existem dois grupos: os que são cogitados e os que mostram alguma indicação ou interesse em concorrer. No grupo forte, dos que são apontados pelos próprios companheiros, o destaque fica para Giuseppe Vecci (PSDB), Francisco Júnior (PSD) e Virmondes Cruvinel (PSD).
Outros demonstram interesses e precisam se viabilizar ou amadurecer melhor suas articulações, caso de Jayme Rincon (presidente da Agetop) e o deputado estadual Fábio Sousa (PSDB), que apresenta uma ação mais técnica e menos política na Assembleia Legislativa, mas que se apresentou várias vezes como postulante e desempenha um bom trabalho como parlamentar.
Por sua vez, a situação tem também nomes interessados em conquistar Goiânia. Sandro Mabel (PMDB) seria um dos postulantes, além do vice-prefeito de Paulo Garcia, Agenor Mariano (PMDB), hoje praticamente refém da má gestão do grupo que administra Goiânia e sem chances de pleitear devido a administração que participa.
Os próprios postulantes no pleito de outubro figuram como possíveis nomes, em caso de derrota, caso o de Vanderlan Cardoso (PSB).
Crise entre PT e PMDB
O próprio PT poderá talvez lançar seus candidatos, caso da ex-deputada federal Marina Sant´Anna, que é um nome de fácil penetração entre os goianienses, pois já foi vereadora do município. “Percebe-se que aquela coligação PT e PMDB não existirá mais em Goiânia e possivelmente em nenhuma outra grande cidade. A opção do PT em lançar Antônio Gomide rompeu com o PMDB que o apoiava, que era a corrente irista. Acho que não foi uma visão muito estratégica para o partido em Goiás, visto que a outra ala do PMDB, ligada ao empresário Friboi, não tinha nenhum diálogo com os petistas”, diz Carlos Almeida, cientista político da UFG.
Virmondes Cruvinel, um dos possíveis nomes da disputa em 2016, foi o vereador mais votado em 2012 e faz oposição responsável ao prefeito. É um dos jovens com potencial para se lançar na disputa.
Para ele, o que mais assusta é a crise que chega a incomodar as pessoas nas ruas. “Sei que a situação não é para brincadeiras, mas o caos na administração municipal nos remete à campanha eleitoral do prefeito, que prometia uma cidade sustentável. Mas o que vemos é justamente o contrário, uma prefeitura insustentável”, diz.