segunda-feira , 25 novembro 2024
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Ninguém consegue convencer Iris a modernizar o discurso e ele aprofunda estilo “meetingueiro” e insiste na volta ao passado

O PMDB desistiu de tentar atualizar o discurso de Iris Rezende, que, nesta terça-feira, na inauguração do comitê do partido na avenida 85, voltou a dar um show de saudosismo, chegando até a perder um longo tempo rememorando ações que teriam sido levadas a efeito a partir de 1983, quando o velho cacique peemedebista assumiu o Governo de Goiás pela primeira vez. E pior: tudo em estilo “meetingueiro”, mais adequado aos oradores dos comícios da República Velha.

Em 1983, cerca de 40% da população de Goiás, hoje, sequer havia nascido. São mais de 30 anos decorridos – mas, para Iris, conforme se viu no seu discurso no evento, tudo o que foi feito pode e deve ser repetido, caso ele volte ao Governo do Estado.

É majoritária, dentro do PMDB, a visão de que o discurso de Iris é superado, saudosista em excesso e precisa ser modernizado com propostas modernas e voltadas para o futuro. Afinal de contas, foi falando no passado que Iris perdeu três eleições, nos últimos 15 anos: duas para governador (1998 e 2010) e uma para senador (2002).

Por outro lado, ninguém sabe como pendurar o guizo no gato. Iris tem 81 anos, mais de 50 anos de carreira política e, como é natural nesses casos, se tornou quase que inassessorável. Um homem desses, que se julga um enviado de Deus para “resolver os problemas do povo” (algo que ele mais uma vez repetiu no discurso no comitê), provavelmente tem o “intendimento” de que tem muito pouco a aprender com palpites e opiniões de quem não tem nem um milionésimo da “experiência” de vida dele.

A coordenação de marketing do PMDB, assim, está tentando vender um novo peixe: Iris tem, sim, de falar do passado, pois teria “um passado”, enquanto os seus adversários, não. É uma tentativa. Mas acontece que se trata de uma formulação voltada para a classe política e não para a sociedade. Eleitores, ao que tudo indica, querem é saber o que vai ser feito, como vai ser feito e quais os benefícios para si e para a coletividade. Uma biografia, nesse caso, representa muito pouco – e mais ainda quando se sabe que Iris tem no seu currículo questões polêmicas: que ficou muito rico esteve envolvido em escândalos são apenas duas das mais intrigantes.

O outro problema é que o discurso voltado para o passado é chato. Ninguém aguenta o falatório recorrente sobre órgãos públicos que pertencem à antiguidade administrativa do Estado (Iris tem obsessão pelo Dergo) ou apresentar como grande proposta a reedição dos mutirões dos anos 60. E por aí afora.

Mas a conclusão é uma só: Iris não vai mudar. Provou isso, mais uma vez, na inauguração do comitê. A campanha do PMDB será mesmo de nostalgia e lembrança do passado distante. E, claro, com poucas propostas e muitos ataques.

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