O ex-presidente da Assembleia Legislativa pelo PMDB e ex-conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE) Frederico Jayme disse, ao jornal O Hoje, que o candidato a governador Iris Rezende (PMDB), seu companheiro de partido, “bajulou a ditadura” no período inicial do regime militar, nos anos 60.
Veja o que diz a reportagem, publicada neste sábado:
Depois de questionar o patrimônio de Iris, estimado em R$ 14 milhões, conforme declaração à Justiça Eleitoral, e classificá-lo como “traidor de companheiros peemedebistas”, Jayme toca num assunto que o governadoriável não se cansa de se vangloriar: o combate à ditadura militar.
O ex-deputado tem uma leitura diferente do comportamento político de Iris, quando prefeito de Goiânia pela primeira vez. Eleito em 1965, ele teve seu mandato cassado e seus direitos suspensos por dez anos, no dia 17 de outubro de 1969, com base no Ato Institucional número 5, o AI-5, pela Junta Militar que governava o País.
“Embora bajulasse muito a ditadura, mesmo assim ele foi cassado”, sustenta Jayme. Segundo ele, o cacique peemedebista nunca bateu de frente com a ditadura. “Ele só bateu de frente quando o regime militar flexibilizou e permitiu as eleições para governador, mesmo assim com muito cuidado.”
Iris foi eleito governador nas eleições de 1982, pelo PMDB, época em que o general João Baptista Figueiredo (Arena) governava o País. “Quem foi que construiu a Praça do Avião?”, indaga Frederico Jayme. “Foi ele, para bajular os militares da Aeronáutica. Botou o avião (na praça) e chamou os militares de Brasília para vir à inauguração.”
Voz dissidente no PMDB, desde 2006, quando foi preterido na postulação pela candidatura a vice-governador, em chapa encabeçada por Maguito Vilela, atual prefeito de Aparecida de Goiânia, Jayme justifica que a opção por Marconi é por discordar da visão política arcaica e ultrapassada de Iris.
Deputado estadual com três mandatos no currículo, vereador em Anápolis, ex-secretário de Segurança Pública de Goiás, conselheiro aposentado do Tribunal de Contas do Estado (TCE), Jayme diz ter uma relação arraigada com o PMDB, partido que ajudou a fundar em Goiás, quando a sigla ainda era MDB. “Eu tenho um amor especial pelo PMDB. Agora, acima disso tem o interesse do Estado. Sou goiano, tenho amor por Goiás e quero o melhor pra Goiás.”
Para ele, Iris já não preenche mais os requisitos básicos para governar o Estado. “Ele diz, lá na intimidade do PMDB, que o seu projeto primeiro é derrotar Marconi.”
A reportagem tentou ouvir Iris, mas a sua assessoria de imprensa informou que ele não responderia a Jayme, por não ser esta a forma como pretende fazer sua campanha a governador. Mas se prontificou a acionar alguém para rebater as críticas. Em entrevistas à imprensa, o candidato a governador sempre narra que foi cassado por não ter cedido aos pedidos dos militares de adesão ao que eles denominavam de Revolução. (Venceslau Pimentel)