sexta-feira , 20 dezembro 2024
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Pulcineli decreta fim do reinado de Iris entre peemedebistas de Goiás

O ex-prefeito Iris Rezende não tem a robustez de antes, seus métodos e estratégias já não fazem mais resultados e ele pode ser atropelado na corrida interna do PMDB para a sucessão de 2014.

No máximo, será um fortíssimo cabo eleitoral.

Enfim, o velho cacique já não canta de galo no terreiro peemedebista e seu reinado está se acabando.

Ele perdeu o controle do partido em Goiás e já não tem prestígio de antes em Brasília.

Todas as últimas articulações do ex-prefeito fracassaram, segundo a jornalista.

Este é um resumo do artigo da jornalista Fabiana Pulcineli, a principal articulista política de Goiás, publicado nesta segunda-feira na coluna Cena Política de O Popular.

 

Leia o artigo:

 

Ensaio para mudanças

Na bolsa de apostas para 2014, ainda é majoritária a tese de que o ex-prefeito Iris Rezende (PMDB) articulará nova candidatura, a quinta, ao governo do Estado. De um lado, o peemedebista tem popularidade, densidade eleitoral e liderança no partido, o que o fortalecem para o suposto projeto.

De outro, no entanto, episódios recentes mostram que Iris não tem mais o respaldo local e o prestígio nacional de que já dispôs no passado. Mesmo atuante nos bastidores, o ex-prefeito sofreu dissabores nos últimos meses que acenam para certa falta de controle do partido, o que pesa contra seu possível plano de tentar novamente voltar ao Palácio das Esmeraldas.

Primeiro foi o acordo do PMDB em Brasília pela conclusão, com sabor de pizza, da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do caso Cachoeira no Congresso Nacional. O casal Iris esperneou, chiou, mas acabou derrotado na tentativa de indiciar o governador Marconi Perillo (PSDB) no relatório final da CPI. Valeram mais os interesses do partido por lá, especialmente na eleição da mesa diretora, de olho no apoio do PSDB à eleição de Renan Calheiros (PMDB-AL), do que o apelo do PMDB local, fora do governo há 13 anos.

A isso seguem os resultados (ou a falta deles) do novo comando regional do PMDB, que Iris entregou aos “jovens”, e que bate cabeça para estruturar o partido e definir estratégias de oposição. Não é nada do que esperava o ex-prefeito a atuação da bancada na Assembleia Legislativa. Ela fracassou na tentativa de criar CPIs contra o governo e passou por vexame na derrota do pedido do Superior Tribunal de Justiça (STJ) para processar Marconi. Apenas dois dos sete peemedebistas votaram a favor.

Para minimizar os reveses, deputados ensaiaram uma caravana, ou melhor, duas – dos deputados estaduais e outra da deputada Iris de Araújo –, sem agenda organizada, sem discursos estudados e sem adesão das principais lideranças. E seguem assim, meio sem rumo.

No mês passado, Iris articulou para evitar a aposentadoria dos conselheiros do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM) Jossivani Oliveira e Paulo Ortegal. Pedido negado e o governador tucano ganhou mais uma queda de braço – passa a ter mais dois nomes no tribunal. Vale ressaltar que o TCM, responsável por fiscalizar contas e projetos em execução, pode complicar a vida de prefeitos da oposição, que comandam as três maiores cidades do Estado.

Por fim, veio a movimentação do PMDB nacional para filiar o empresário Júnior do Friboi, inclusive com respaldo para sua candidatura ao governo. Com a jogada, a direção nacional enfraquece um possível palanque estadual para Eduardo Campos, governador do Pernambuco, presidente nacional do PSB e pré-candidato à Presidência da República, e, segundo pensam os peemedebistas e petistas em Brasília, garante uma candidatura forte (especialmente em estrutura) contra Marconi.

Mesmo antes da articulação pró-Júnior, muitos dos integrantes do partido já começaram a defender, abertamente ou nos bastidores, renovação na disputa ao governo. Com o nome do empresário à mesa, cresceram os entusiastas – a maioria interessada nos recursos que a JBS costuma aplicar nas campanhas.

Para mostrar que não perdeu as rédeas do partido, Iris se reuniu com a executiva e com deputados, e foi a Brasília conversar com o vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB), o principal articulador da filiação de Júnior. Mandou recado de que as decisões sobre candidatura em Goiás cabem a Goiás e bateu na tecla de que caberá ao empresário viabilizar-se para a disputa. Sinais de que quer marcar posição.

E, para muitos, sinais também de que a história de Henrique Meirelles e Vanderlan Cardoso, que entraram no PMDB de olho em candidatura e saíram insatisfeitos com a falta de espaço, pode se repetir com Júnior. Mas, pela primeira vez, Iris não mostra tanta robustez em termos políticos para se arriscar a uma nova candidatura. Suas estratégias e métodos parecem já não alcançar tantos resultados satisfatórios.

Tudo isso pode distanciar Iris de uma candidatura ao governo? São alertas que devem ser considerados. Se vão desencorajá-lo vai depender muito do cenário até o próximo ano. Se os outros nomes da oposição conseguirão densidade eleitoral, bons projetos, discurso renovado e aglutinação – o que não tem a ver apenas com oferta de dinheiro – e se Marconi conseguirá se fortalecer.

De qualquer forma, Iris pode estar mais distante da candidatura ao governo (não ao Senado), mas não deixará de ser um cabo eleitoral fortíssimo e, principalmente, um padrinho importante na escolha da oposição.

 

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