Ser filho do ex-governador Maguito Vilela (PMDB) é a dor e a delícia do deputado federal Daniel Vilela (PMDB).
Daniel é um privilegiado, como poucos no mundo. Cresceu brincando de esconde-esconde nos jardins do Palácio das Esmeraldas e se lambuzando de danoninho na hora do lanche, alheio à crueza do mundo lá fora. Teve poucos problemas com que se preocupar até a adolescência, quando resolveu perseguir o sonho de ser jogador de futebol – mas não em uma várzea qualquer da periferia, e sim no estelar Paris Saint-Germain, ao lado do badaladíssimo Ronaldinho Gaúcho.
Não é defeito nascer em família rica. Aliás, quem não gostaria de ter a sorte de uma vida sem sobressaltos financeiros? O problema é quando alguém forjado em mordomias, como Daniel Vilela, se decide pelo sacerdócio da vida pública – que exige a mínima compreensão sobre a vida das milhões de famílias que ele haverá de representar na Assembleia Legislativa, na prefeitura, no Governo ou no Congresso Nacional.
Será que Daniel sente algo quando assiste, na televisão, o drama de pais pobres que não conseguem matricular os filhos na rede de ensino básico de Aparecida de Goiânia, município que hoje é administrado pelo pai? O que Daniel pensa quando vê o desabastecimento crônico dos postos de saúde de Aparecida, a buraqueira nas ruas, o alastramento da epidemia de dengue, o mato alto, a sujeira, o descaso?
Possivelmente, nada. Não é próprio do ser humano sentir compaixão por outro quando não consegue se imaginar na mesma situação. Daniel jamais, jamais estaria no lugar de um pai de classe baixa em Aparecida. O seu mundo é outro, diametralmente oposto, e por isso o noticiário deve lhe parecer algo como um boletim de notícias de Marte.
Como dissemos, ser filho de ex-governador é a dor e a delícia de Daniel Vilela. Deu-lhe a benção de uma vida tranquila, mas privou-lhe de uma consciência crítica e de uma visão consciente de mundo. Por esse motivo, nunca será um estadista de verdade.