Ao chamar o ex-presidente Lula de “canalha”, em discurso previsivelmente destinado a grande repercussão na convenção nacional do PSDB, o governador Marconi Perillo executou um movimento calculado.
Marconi suportou calado, por anos, as retaliações irresponsáveis de Lula, inclusive em visitas ao Estado de Goiás, quando o petista tentou sem resultado interferir no resultado das eleições e derrotar o tucano.
Fora a ação direta de Lula, ainda foi despejada sobre Marconi uma ofensiva em que atuaram parlamentares do PT e órgãos de comunicação, como a Carta Capital, ligados ao esgoto do partido.
Tudo porque Marconi disse, de público, em 2005, que alertou o presidente Lula sobre a existência do mensalão – que o ex-presidente sempre disse desconhecer. Marconi é a prova de que Lula sabia, sim.
Mas agora as coisas mudaram. Lula enfraqueceu, envolveu-se em escândalos pessoais como o amiga íntima Rose, está sendo investigado pelos procuradores federais e, depois do paroxismo da CPI do Cachoeira, nada mais pode de importante contra Marconi, a não ser um ou outro ataque sem sentido, como a matéria sobre supostas grampos da revista Carta Capital.
Mais: Marconi estabeleceu laços sólidos com o Governo Federal e não está sendo atrapalhado pela presidente Dilma Rousseff, pelo contrário, está é recebendo muita e irreversível ajuda – mesmo com Lula contra.
Lula é Lula. Dilma é Dilma. À presidente,o governador sempre dedica elogios e agradecimentos. Sistematicamente.
Politicamente, Lula também perdeu muito da força. Não tem condições de atropelar Dilma para ser o candidato em 2014. E Dilma não está disposta nem um pouco a ceder a candidatura.
O momento, portanto, era esse. O palco, nacional: a convenção do PSDB. E a martelada, pesada: “canalha”. E o alvo, Lula: enfraquecido.
Marconi acertou na mosca.