Numa carta quilométrica publicada na edição de quarta-feira passada no jornal O Popular, o secretário Osmar Magalhães (Governo Municipal) agrediu e de forma virulenta o jornalista Armando Acioli, que recentemente se aposentou mas continua publicando artigos na imprensa.
Num desses textos, Armando, que sempre teve uma veia crítica e é impiedosa em suas análises, mas sem entrar no campo pessoal nem caluniar ninguém, faz questionamentos sobre o projeto do BRT na avenida Goiás e sobre a omissão do prefeito Paulo Garcia no debate do reajuste do preço da passagem. Tudo de forma respeitosa e restrita ao campo dos argumentos técnicos.
O secretário Osmar Magalhães reagiu escrevendo uma longa carta ao jornal em que destaca a “aversão do jornalista ao PT”, dá aulas de jornalismo (“o jornalista deve saber, antes de tudo, checar informações”) e acusa Armando de fazer “ficção” e, “pior ainda, ficção ruim”.
A intolerância não para aí. Osmar acusa o jornalista de “inventar dados, trocar informações e fazer ilações maldosas”. E diz que, dessa vez, Armando “passou dos limites”.
Osmar afirma ainda que o jornalista “delira” e que “tem o afã de defender o governo do Estado”.
O tom agressivo da carta prossegue e Osmar evoca “a Democracia como arte de conviver com os diferentes”, o que ele na carta dá claros sinais de não respeitar. Osmar acusa ainda o articulista de ter “ódio” aos militantes petistas e à presidente Dilma Rousseff.
Fala ainda que Armando defende “ideias retrógradas” e que deveria respeitar a vontade do povo goianiense e brasileiro (e o goiano, esqueceu, secretário?)
Enfim, uma pancadaria desnecessária a um jornalista que merece respeito por suas ideias.
Veja a carta:
Aversão ao PT
Jornalista deve saber, antes de tudo, checar informações. O jornalista tem a obrigação de embasar-se em dados reais para defender sua posição ideológica. Quem “brinca” com números, cria cenários para corroborar opinião e fantasia situações, faz ficção, não jornalismo. E o pior: na maioria das vezes, ficção ruim.
A aversão que o jornalista Armando Acioli tem ao PT é conhecida. Há tempos ele ataca e critica tudo que é feito por qualquer militante petista. Seu lema de vida é claro: foi alguém do PT que fez? Então, não presta. Esse é um direito dele. Mas, esse direito não lhe dá razão para inventar dados, trocar informações e fazer ilações maldosas.
Em artigo publicado ontem no POPULAR, o jornalista passou dos limites aceitáveis. Com seu bom texto, desfia uma série de ataques à Prefeitura de Goiânia e ao prefeito Paulo Garcia. Chega ao cúmulo de “sonhar” com uma reza ao “amigão” do ex-presidente venezuelano Hugo Chávez. Só que sua vontade não encontra respaldo na realidade dos fatos. Na defesa do projeto de metrô para a cidade de Goiânia, o jornalista ataca o projeto chamado BRT, que a Prefeitura vai construir. Seu ódio aos militantes petistas o faz até mesmo afirmar que “(…) o prefeito Paulo Garcia inventa o duvidoso projeto do Bus Rapid Transit (BRT), orçado em R$ 4.697.3431,06.” Como assim, inventa? Quem disse isso a ele? Os técnicos da Prefeitura merecem respeito, senhor Armando.
Os projetos de BRTs se espalham mundo afora. A cidade do Rio de Janeiro, como exemplo, está implantando o seu. É uma solução mais barata para melhorar o transporte de passageiros. É uma obra que causa menos impacto urbanístico na cidade. E, faz-se necessário registrar, o BRT transporta praticamente o mesmo número de pessoas que o VLT transporta. VLT que é o modelo escolhido pelo governo de Goiás para o Eixo Anhanguera. Ah, e a Prefeitura de Goiânia apoia essa iniciativa. Inclusive cedendo mais de R$ 200 milhões para a implantação.
Em seu delírio para defender o indefensável o jornalista pede para as manifestações de estudantes serem transferidas do Palácio Pedro Ludovico Teixeira para o Paço Municipal. E diz que é a Prefeitura que administra o transporte coletivo. A Prefeitura de Goiânia faz parte de um colegiado na administração do transporte coletivo. Colegiado formado por representantes do governo de Goiás, da Assembleia Legislativa e das prefeituras das cidades da chamada Grande Goiânia.
No afã de defender o governo de Goiás, o jornalista mistura informações. Anuncia que o reajuste é de responsabilidade da CDTC, Câmara Deliberativa do Transporte Coletivo. E é mesmo. Mas contrapõe que na estatal do governo o preço é de R$ 1,50 e deixa a entender que tudo é culpa da Prefeitura de Goiânia.
Ora, senhor Armando, a CDTC é presidida por um representante do governo de Goiás. Atualmente, o secretário Eduardo Zarat. Mas, com certeza, o senhor sabe disso. Apenas não era interessante destacar essa informação. Assim como é certo que o senhor deve saber que a tarifa de ônibus em Goiás é “(…) uma das mais altas do País (…)” em razão do governo de Goiás não dar nenhum incentivo para reduzir o preço.
Bem que o governo que o senhor tanto defende poderia isentar o óleo diesel usado nos ônibus. Poderia não cobrar ICMS de pneus e peças dos ônibus. Apenas exemplos de como poderia se baratear o preço da passagem de ônibus. A Prefeitura de Goiânia já faz isso há muitos anos. O governo federal, da presidente Dilma, que o senhor tanto odeia, acaba de anunciar a isenção da cobrança do PIS e Cofins para desonerar essa tarifa. Faça um serviço para os moradores da Grande Goiânia, nobre jornalista: peça ao seu amigo governador para isentar o ICMS.
Democracia é a arte de conviver com os diferentes. É a garantia de que a vontade da maioria seja respeitada. A maioria do povo brasileiro escolheu derrotar as ideias retrógradas que o senhor defende, senhor Armando. É seu direito ser contrário a isso. Mas, o senhor deve respeito à vontade soberana do povo brasileiro e de Goiânia.
Por fim, o senhor tem certeza das afirmações que fez sobre o crucifixo? Estava lúcido nessa hora? O crucifixo representa o que há de mais sagrado para o ser humano: sua ligação com o Deus da vida. Significa a capacidade de perdoar. O crucifixo tem para os cristão a simbologia do sagrado. O senhor deveria respeitar isso.
Osmar Magalhães
Secretário de Governo de Goiânia
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