Na contramão da orientação que os governadores dos principais Estados brasileiros estão passando para as suas polícias, quanto ao acompanhamento e eventual repressão às manifestações de rua, a Polícia Militar de Goiás avisou nesta quarta-feira, em matéria no jornal O Popular, que não vai abrir mão de usar balas de borracha, caso seja necessário, no protesto marcado para esta quinta-feira, à tardezinha, no Centro de Goiânia.
Balas de borracha, segundo a visão policial, não seriam letais – o que é falso. São apenas menos letais, mas podem, sim, matar ou incapacitar quem é atingido por elas. Inclusive, pode matar crianças.
Devem também ser disparadas sempre para o chão ou, no máximo, contra as pernas. Nos protestos que ocorreram, em Goiânia, até agora, pelo menos em duas oportunidades imagens de vídeo mostraram policiais atirando no nível do rosto ou do peito dos manifestantes – não deu para determinar se balas de borracha ou bombas de gás lacrimogêneo, mas armas de fogo, enfim.
Outra afirmação do comando da PM, em O Popular, é completamente desprovida de sentido. Os oficiais comunicam que vão fazer uma reunião para decidir se manifestantes portando vinagre, que ameniza os efeitos do gás lacrimogêneo, serão alvo de repressão.
Tem sentido? Claro que não. Portar vinagre não é crime. A rigor, um cidadão comum que transite pela área das manifestações tem o direito de estar prevenido e se proteger caso venha a ser atingido pelo gás.
Tá faltando juízo para a PM goiana e para as autoridades de Segurança do Estado.