segunda-feira , 29 abril 2024
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BOMBA: funcionário denuncia que diretoria da Codego foi afastada por não aceitar cumprir ordens de Gracinha Caiado

Sob a condição de se manter no anonimato, um funcionário da Codego resolveu abrir o jogo e contar sobre o que verdadeiramente ocorreu na empresa nos últimos meses, o fato que provocou, em menos de 100 dias, a queda de parte da diretoria nomeada por Caiado. Só não caiu o vice-presidente Nailton Oliveira, reconhecido no meio político por sua especialidade em dar rasteira em aliados, e o diretor administrativo Alexandre ‘Compleite” Ribeiro, bancado por seu irmão deputado Amauri Ribeiro.

Ao contrário do que circulou na mídia, o que derrubou os diretores da companhia foi a decisão tomada pela presidência em não mais atender plenamente as ordens da primeira-dama Gracinha Caiado, afirmou o denunciante.

O empregado explicou que muito antes da posse da nova diretoria, Gracinha colocou um grupo de ‘olheiros’ que ganhavam altos salários para espionar o ambiente interno na empresa e exercer também o papel de’ leva e traz’ para a ela. “Com a posse da nova diretoria, esse pessoal entendeu de fazer um ‘governo paralelo’ na Codego. Além de não respeitar a nova diretoria, a turma levava cotidianamente informações para Gracinha, sendo grande parte, pasmem, de fofocas”, disse.

A não ida do itumbiarense Dione Araújo para a presidência do órgão, por não cumprir com as exigências do regulamento que rege as empresas estatais, fez com que ele bancasse para a sua vaga o conterrâneo Valderi Borges, pessoa de caráter íntegro, é verdade, mas sem qualquer experiência em serviço público e com clara falta de habilidade política.

A concretização de Valderi na presidência foi a senha para o vice Nailton se aliar ao ‘lobo mal e os três porquinhos’, – apelido pejorativo pelo qual são conhecidos os espiões da Gracinha dentro da Codego, – e executar o plano para a derrocada de Valderi e dos demais diretores do órgão.

Nailton se aproveitou da evidente falta de sintonia entre os gestores do órgão e começou o processo de fritura para que seu grupo pudesse assumir a empresa. “Não tinha como dar certo a empresa ser comandada por quatro grupos políticos divergentes. E, ainda, com a clara interferência da primeira dama Gracinha Caiado.

“Valderi começou a cair em desgraça quando recebeu uma ordem de Gracinha para contratar um ex-prefeito com o salário de R$ 10 mil por mês. Já sem paciência por ter que engolir a contratação de dezenas de pessoas enviados por Gracinha para o órgão, e já com ordem da patroa sobre o valor do salário a pagar, o então presidente, que pensava que mandava, determinou baixar o valor para R$ 5 mil, ou seja, a metade”.  Ali, segundo a fonte, Valderi decretou sua saída. Encolerizada, Gracinha teria mandado o prefeito de volta, e como birra determinou que passasse a ganhar não mais R$ 10 mil, e  sim, R$ 12 mil.

Houve ainda o caso de Gustavo Izac, ex-assessor do governador Zé Eliton e que se manteve no governo por ser ‘especialista’ em bajular, que foi contratado pela Codego por imposição de Anna Vitória Caiado, com salário de R$ 16 mil. Questionada, a filha do governador bateu o pé e disse que tinha o aval do pai.  Novamente, Gracinha ficou possessa, mas dessa vez engoliu.

Com o clima já tenso, e ao saber que a turma do leva e traz esteve com Gracinha, Valderi chutou o balde e mandou demitir todos eles. Não sem antes fazer sua carta de demissão e entregar a Pedro Sales, então secretário de Administração que, coincidentemente, acabou se tornando o próprio substituto do renunciante.

Valderi saiu atirando e, para acalmá-lo, sob a intervenção do deputado estadual Álvaro Guimaraes, só restou ao governo contemplá-lo com a diretoria administrativa da GoiásFomento. Resta saber se o Banco Central vai aprovar seu nome, pois fica a pergunta: se não serve para a Codego, vai servir para o banco?

Com isso, o projeto de Nailton Oliveira avançava mais um passo. Ele só não contava que Pedro Sales seria indicado para o cargo que esperava para si. Porém, o prefeito derrotado nas urnas em 2016 garante nos bastidores que a passagem de Sales por lá é provisória e que, em breve, vai a assumir a presidência da conturbada estatal de economia mista. Não custa lembrar que Nailton foi o primeiro emedebista a trair a candidatura de Daniel Vilela, para apoiar o então adversário político Ronaldo Caiado. Agora, a seu modo, apresenta a fatura.

Os auxiliares de Gracinha demitidos por Valderi, claro, foram reconduzidos para seus cargos e passeiam nos corredores da Codego com ar de ‘nós somos o poder’. Com a palavra, o novo presidente Pedro Sales.

Sobre as especulações de que havia corrupção na empresa, o empregado afirma que não existe essa possibilidade uma vez que não se comprou ou licitou nada no período. “Pelo contrário, houve uma considerável redução de despesas em negociações para baixar os valores dos contratos em vigor”, diz.

O bom da história é que o governador Ronaldo Caiado, que sempre citou a Codego como a estatal que daria exemplos de transparência e moralidade, lá alojou grupos políticos ao invés de técnicos, contrariando a Lei nº 13.303 que rege as estatais. Além disso, permite que a empresa sirva como local para que sua mulher possa agasalhar uma legião de puxa-sacos. Não tem como dar certo.