O encontro das avenidas Portugal e Mutirão é um dos pontos de tráfego mais intensos de Goiânia. Há congestionamentos mesmo fora dos horários de pico, o que exige, dos motoristas, paciência de Jó.
Agora imagine, no local, mais um shopping de 62 lojas, um hospital com 150 leitos e 20 salas de cirurgia, hotel com 260 apartamentos, 308 offices, 356 consultórios, 1,4 mil vagas de estacionamento, dois centros de diagnóstico, dois laboratórios de análises clínicas, 27 elevadores e um heliponto.
A dedução óbvia é de que a região vai ficar intransitável.
E este cenário que desenha para Goiânia em breve, quando for inaugurado o Órion Business e Health Complex – um nome bonito, com termos em inglês, que esconde a forte estratégia de articulação com o poder público e acumpliciamento da grande imprensa, via anúncios publicados diariamente nos principais jornais e canais de televisão.
Não houve, até o presente momento, quem ousasse questionar se os responsáveis pela obra realizaram estudos de impacto de trânsito e vizinhança antes de tocar o projeto.
A bem da verdade, os empresários nem são obrigados a realizá-los. Afinal, por orientação do prefeito Paulo Garcia (PT), a Câmara elevou ao máximo o grau de incomodidade em bairros de Goiânia de grande adensamento, como os setores Oeste e Marista.
Essa alteração no grau de incomodidade significa que agora pode se erguer de tudo – até fábrica de carros, por exemplo – no setor Oeste, se alguém quiser. A despeito da grande concentração demográfica no centro da cidade, a prefeitura liberou geral.
E, se liberou, é porque alguém pediu com jeitinho.
O Órion Business é o primeiro monstrengo que nasce da lua-de-mel entre o mercado imobiliário e o prefeito Paulo Garcia (PT), que faz de tudo para agradar construtoras.
E este filho cresce em berço esplêndido, por outro lado, porque a imprensa faz ouvidos moucos.
Depois perguntam porque destroem carros da TV Anhanguera, Serra Dourada, O Popular…
A resposta salta aos olhos.