Na primeira noite eles se aproximam
e roubam uma flor
do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem:
pisam as flores,
matam nosso cão,
e não dizemos nada.
Até que um dia,
o mais frágil deles
entra sozinho em nossa casa,
rouba-nos a luz, e,
conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada.
Estes versos são bastante citados em artigos, dissertações, músicas e até outros poemas.
Poucos sabem responder: quem é o autor que os escreveu?
Por aí, atribui-se o poema a uma multidão de intelectuais: Jung, Borges, Garcia Márquez…
Até Gabriel Nascente, Ursulino Leão e Eurico Barbosa já devem ter faturado com essa.
No domingo, o juiz Gilmar Coelho deu sua parcela de contribuição para confusão. Disse que quem é o autor dos versos é Bertold Brecht.
Não é.
Na terça-feira, uma carta do Pop cornetou o juiz diletante. Está assinada por um leitor, mas o que importa é a cacetada que ela dá em Gilmar.
O autor, Meritíssimo, é o poeta brasileiro Eduardo Alves da Costa.
Veja a carta:
Poema
No domingo, na página Opinião do POPULAR, sob o título Corrupção se combate com justiça, o juiz de Direito Gilmar Luiz Coelho, no epígrafe de seu artigo cita alguns versos do poema No Caminho com Maiakovskique ele atribui a Bertolt Brecht.
Na verdade, o famoso poema é de autoria do poeta brasileiro, nascido em Niterói, Eduardo Alves da Costa. Infelizmente, articulistas famosos já atribuíram dito poema a autores tão diversos como Jung, Jorge L. Borges, Garcia Márquez, o próprio Maiakovski e, como neste caso, ao Brecht.
O poema citado já foi estampa nas camisetas da campanha Diretas Já, pôster em cafés europeus e até corrente na internet. Justiça seja feita.
Guillermo Leonidas Castro Moya
Catalão – GO