Na coluna Cena Política, publicada nesta segunda-feira em O Popular, a jornalista Fabiana Pulcineli diz que a baixa aprovação do governo do Estado em Goiânia se deve ainda aos desgastes do caso Cachoeira, mas “está ligada também à falta de avanços do governo” na capital.
Veja o texto:
Cena Política
Pré-campanha sem trunfos
O clima de 2014 tomou conta do cenário político de Goiás nos últimos 15 dias. Das articulações de bastidores e ações isoladas, as jogadas e acenos com vistas às eleições ganharam palanques e discursos de forma intensa. Estratégias e tentativas de fortalecimento foram escancaradas tanto no governo estadual como na oposição.
Mas na largada para a disputa do ano que vem quem saiu ganhando? Nenhum dos dois lados. O embate começou, mas ninguém tem ainda muito o que mostrar.
Em dois eventos partidários, do PSDB e do PSD, o governador Marconi Perillo (PSDB) foi festejado como candidato à reeleição, embora tivesse dito anteriormente que estaria focado na gestão e só falaria de campanha em dezembro. Em vez disso, estimula as manifestações pró-candidatura.
No entanto, antes do oba-oba, o que garantirá visibilidade para valer à pré-candidatura são os resultados e o cumprimento de promessas da campanha anterior. Isso, sim, deveria ser a preocupação maior do governo no momento.
Quando à conjugação verbal, em um governo de dois anos e três meses ela continua sendo majoritariamente o futuro do presente – “fará, resolverá, cumprirá, terminará, investirá” –, passou da hora de acender a luz amarela.
“Esperamos que o governo deslanche em 2013”, disse o secretário da Casa Civil do Estado, Vilmar Rocha (PSD), em entrevista publicada ontem no POPULAR, quando já se passaram 70 dias do terceiro ano desta gestão.
Pesquisa Serpes/O POPULAR, publicada na quarta-feira, mostrou que o governo, mesmo passado o tiroteio do caso Cachoeira, teve pior desempenho em Goiânia na avaliação dos eleitores. Em nota oficial, a gestão estadual alegou que falhou em comunicar as ações na capital. Falhou em comunicar ou falhou em não ter conseguido ainda alcançar resultados?
A alta reprovação em Goiânia tem relação ainda com os desgastes do caso Cachoeira, mas está ligada também à falta de avanços no governo. Ao relembrar as principais promessas para a capital, observa-se que várias ações ainda não foram concretizadas – construção de hospitais, bom atendimento na saúde, VLT, Centro de Excelência, além de problemas em áreas não relacionadas apenas à capital, como segurança, rodovias, entre outras.
Até gargalo considerado superado pelo governo se manteve como problema, que, aliás, só tem se agravado: a situação da Celg e as deficiências no fornecimento de energia no Estado. Em que o governo conseguiu ser destaque até agora?
Na mesma entrevista ao POPULAR, Vilmar Rocha admite que o grupo governista tem dificuldades de encontrar um discurso para o futuro. Pelo jeito, há também problemas em encontrar discurso sobre o presente.
Além da demora nas realizações, o governo estadual sente o peso de disputas internas, com grupos cada vez mais articulados e sedentos por poder. Um embate que provoca discussões públicas, prejudica o governo e compromete a agilidade de muitas ações.
Como disse Marconi no evento do PSDB, com a presença de Aécio Neves, “ainda é cedo (para pensar em 2014), mas não é tão cedo assim”. A campanha chega com a mesma rapidez com que acaba o prazo para alcançar realizações no governo.