Veja matéria publicada em O Popular sobre avaliação dos trabalhos da Assembleia e da Câmara de Goiânia, segundo pesquisa Serpes:
Os goianienses não aprovam os desempenhos da Câmara de Goiânia e da Assembleia Legislativa. Pesquisa Serpes feita na capital entre os dias 1° e 2 de março mostra que apenas 10% sos entrevistados consideram positivo o desempenho da Assembleia Legislativa e 11,2% avaliam como positivo o trabalho da Câmara de Goiânia. Foram ouvidas 401 pessoas e a margem de erro é de 4,89 pontos porcentuais.
A pesquisa mostra que 0,5% dos eleitores avaliam o desempenho da Assembleia como ótimo e outros 9,5 % bom. A Câmara, atingiu, por sua vez, 1,5% de ótimo e 9,7% de bom.
O levantamento também mostra que a reprovação das duas Casas é alta. O trabalho desenvolvido pelos deputados estaduais é considerado péssimo por 23,7% e ruim por 13,5, somando uma reprovação de 37,2%. Outros 31,9% afirmaram que o trabalho do legislativo goiano é regular e 20,9% preferiram não opinar.
A reprovação do trabalho dos vereadores é maior. Segundo a pesquisa, 40,9% não gostam do desempenho da Câmara, sendo 22,7% de péssimo e 18,2% de ruim. A Casa foi considerada regular por 30,4% e 17,5% não opinaram.
A maior reprovação da Assembleia Legislativa foi encontrada entre os homens com idade entre 25 e 34 anos e curso superior. Por outro lado, o desempenho dos vereadores foi considerado positivo por homens de 16 a 24 anos e ensino fundamental.
Na avaliação da Câmara de Goiânia, a maior avaliação negativa foi registrada entre homens com mais de 50 anos e ensino médio. A maior aprovação foi encontrada na faixa de pessoas do sexo masculino com entre 16 e 24 anos e ensino médio.
Para o cientista político Robson Almeida, da Universidade Federal de Goiás (UFG), a reprovação do Legislativo é resultado de três fatores.
O primeiro deles, diz, é o desgaste da classe política e das instituições representativas em geral. Robson explica que normalmente existe uma frustração em relação ao retorno do voto dado pelo eleitor. “As expectativas da população dificilmente atendidas e existe uma sensação de insatisfação do sistema representativos. As instituições são limitados para atender as demandas da sociedade e o povo fica alijado por políticas feitas só por representantes das elites”, diz o professor.
O cientista explica que, nesse caso, não se trata de uma decepção exclusiva dos goianienses. “Isso é uma tendência geral que pode se explicar também pelo próprio desgaste dos que exercem mandato. Isso acontece tanto nas democracias mais consolidadas e nas mais recentes. Esse é um fator geral e Goiás não está fora disso”, completa.
O segundo fator apontado pelo especialista é a falta de conhecimento da população em relação às atribuições do Legislativo, que tem atribuição de formular leis e fiscalizar os atos do Executivo.
“As pessoas em geral nem sabem qual é o papel do legislativo. Todo país tem isso. Mas pesquisas mostram que no Brasil isso é mais acentuado”, diz.
Diante disso, eleitores podem se frustar, por exemplo, com incapacidade dos parlamentares de levar um benefício direto, a exemplo da condução de uma obra. No entanto, ele afirma que muitos políticos reforçam essa confusão.
Ele cita o caso do deputado federal Chiquinho Escórcio (PMDB-MA), que reclamou da derrubada dos 14° e 15° salários dizendo que, sem os extras não poderia mais pagar despesas de eleitores menos favorecidos. “Os próprios parlamentares reforçam uma visão equivocada do papel do legislador. Ele não é eleito para atender as necessidades pessoais”, diz.