O cargo de editor-chefe de O Popular não é escolhido por eleição, mas o ocupante dessa função quase que se equipara a de um político ungido nas urnas.
Qualquer jornal sério tem um compromisso de responsabilidade social em tese, deve buscar a verdade, doa a quem doer.
A Folha de S. Paulo, por exemplo, radicalizou este compromisso de transparência criando o cargo de ombudsman, que tem mandato de dois anos e tem a prerrogativa de fazer críticas ao próprio veículo em uma coluna que é publicada todos os domingos.
Nesta semana, os leitores de O Popular puderam acompanhar um fato histórico.
Pela primeira vez, um editor-chefe do jornal foi criticado em um artigo publicado no próprio jornal.
Trata-se de um avanço sensacional.
O médico Flávio Paranhos fez ponderações duras em relação a um artigo escrito pela jornalista Cileide Alves. E falou até que a peça poderia ter sido produzida por “recalques e ressentimentos”, sem maiores explicações.
Ele acusou Cileide de fazer generalizações sobre a classe médica e perguntou se ela dispunha de pesquisas científicas respaldando as “verdades” que despejou contra os profissionais da saúde no artigo Off White.
No final, aí sim, Paranhos insinuou que a posição de Cileide é produto de “recalques e ressentimentos”.
Isso é muito sério, em se tratando de O Popular, o maior e o mais importante jornal de Goiás.
Cileide escreve semanalmente e no artigo deste domingo não toca no assunto.
O comportamento deixa dúvidas no ar:
1. Ela despreza o artigo do médico por não ter argumentos para contrapor;
2. Ignora por simples arrogância e por sentir-se intocável;
3. Ou, por fim, não acha conveniente o debate sobre falhas do jornalismo do POP nas páginas do próprio POP.
Seja qual fora a alternativa correta (ou, quem sabe, todas estejam corretas), o fato é que os leitores do Pop perderam uma ótima oportunidade de saber o que Cileide pensa das críticas que recebeu.
E o leitor é o senhor de toda imprensa.