Veja matéria do jornal A Redação:
A corrida para escolher quem vai conduzir os rumos da advocacia em Goiás, a partir de 2022, já começou. Pelo menos nos bastidores. Como ocorre a cada três anos, em novembro serão realizadas as eleições da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
A votação, determinada pelo Artigo 63 do Capítulo VI do Estatuto da Advocacia e da OAB, ocorre normalmente na segunda quinzena de novembro. A expectativa é que a eleição deste ano seja na última sexta-feira do referido mês, que neste ano cairá no dia 26. Nesta data, todos os advogados inscritos e adimplentes devem escolher os representantes de todo o Sistema OAB, que inclui diretoria, Conselho Federal, Conselho Seccional, Caixa de Assistência dos Advogados, Escola Superior de Advocacia, e diretorias das Subseções.
Apesar de não haver norma que impeça mais de uma reeleição, o presidente da seccional goiana da Ordem, Lúcio Flávio de Paiva, não será candidato este ano. O presidente deve manter a tradição de encerrar seu ciclo de gestão no segundo mandato. Com isso, pré-candidatos do grupo, e de fora dele, estão surgindo como possíveis nomes para concorrer ao cargo máximo da instituição.
Conselheira federal pela OAB-GO, procuradora do Estado, doutora e professora de Direito, Valentina Jungmann tem seu nome bem cotado para ser a candidata do grupo que atualmente gere a seccional. Ela afirma ao A Redação que fica “honrada por ser lembrada” como uma possível candidata, mas que é uma “mulher de grupo”. “Se for uma decisão em conjunto, acredito que eu teria condições de representar bem a advocacia, se assim for o desejo dela”, diz.
Valentina é autora do projeto de paridade, que estabelece que a chapa só obtenha registro para concorrer às eleições se ela for formada por 50% de mulheres e 50% de homens. “Esse projeto demonstra compromisso com a renovação da instituição e, consequentemente, contribui com a sociedade brasileira”, ressalta a conselheira federal.
Um dos nomes fortes que surge como pré-candidato à presidência da OAB-GO é também o do presidente da Caixa de Assistência dos Advogados de Goiás (Casag), Rodolfo Otávio Mota. Com uma extensa lista de realizações, o atual chefe da Casag defende o consenso entre os advogados.
“Fico grato por meu nome ser lembrado pela advocacia e estamos prontos para os enfrentamentos que a advocacia espera, para seguirmos unidos”, afirma Rodolfo. “Se essa escolha for a decisão do coletivo, estamos à disposição para somarmos esforços. O momento é de reflexão sobre o futuro da advocacia e o que esperamos dos futuros líderes.”
O atual secretário-geral da seccional goiana, Jacó Coelho, também aparece como pré-candidato para a presidência da OAB-GO. Ele acredita que a escolha depende da decisão do grupo. “Temos um bom problema para resolver, porque são cinco nomes que se destacaram nessa gestão. São postulações legítimas e todos têm condições para representar a advocacia. Mas estamos trabalhando para que prevaleça a união, uma decisão coletiva”, destaca.
Jacó afirma ainda que o presidente da seccional, Lúcio Flávio Paiva, é o líder do processo e estimulou que as pessoas que têm vontade de ocupar este cargo se esforcem para viabilizar suas candidaturas. “Trabalho para que prevaleça o meu nome, mas é uma decisão de grupo. Esse nome deve ser escolhido até o fim deste mês ou até março, para que se tenha tempo hábil de organizar e aglutinar apoios”, diz o secretário-geral.
Outro nome da situação que pode surgir como candidato ao cargo máximo é o do atual vice-presidente, Thales José Jayme. Ele afirma que tem essa pretensão, “se assim o grupo preferir”, mas que só falará em eleição quando houver essa definição.
“Antes de março ou abril, é precoce, temerário, até um desrespeito ao presidente Lúcio Flávio. O momento agora é de trabalhar pela advocacia, até porque no ano passado tivemos muita dificuldade”, analisa. Thales afirma ainda que todos os nomes cotados até agora pelo grupo são “colegas da melhor qualidade” e que qualquer um representará bem a advocacia goiana.
Conselheiro federal por Goiás e diretor-geral da Escola Superior de Advocacia da OAB-GO, Rafael Lara Martins também é um dos nomes da atual gestão que pode surgir como candidato à presidência. “Estou trabalhando para viabilizar minha candidatura, mas ainda não há uma definição. Trabalhamos com um grupo unido, que pretende chegar ao melhor nome para representar a advocacia goiana”, diz.
Rafael Lara afirma ainda que todos os pré-candidatos cotados têm um importante serviço prestado à OAB-GO e não acredita em divisão do grupo, mas em consenso. “É um grupo que está unido há muito tempo, todos são amigos e querem estar juntos. É um privilégio ter tantos nomes bons, cada um com sua característica pessoal diferente. O que devemos observar agora é qual a cara que a OAB-GO precisa ter em um momento chave, de modernização e aproximação com a categoria. O desafio do próximo presidente é ter esse diálogo multifacetado com uma advocacia tão diversa como a nossa”, afirmou.
Oposição
Para a oposição ao grupo que está à frente da seccional goiana nos últimos seis anos, surge um nome já conhecido da advocacia goiana: Julio Cesar Meirelles. O advogado já atuou em diversos cargos da instituição, como vice-presidente, secretário-geral, conselheiro seccional e presidente de comissões temáticas. Sua experiência e capacidade de aglutinação são fatores considerados para a pré-candidatura. “Não tem nada confirmado, é uma pretensão. Atuei de diversas formas na OAB-GO e acredito que tenho a percepção do que é necessário para a classe, entendo os anseios da advocacia”, diz.
Julio afirma que tem trabalhado na política institucional com visitas a advogados do interior e da capital e conversado com pessoas que já fizeram parte da oposição e situação em períodos diversos. “Todo advogado pode ser um candidato e acredito que alguns depositam em mim a confiança de continuar trabalhando pela Ordem, visto que já trabalhei institucionalmente pela categoria.”
O advogado Pedro Paulo de Medeiros, que concorreu nas últimas eleições pala chapa Nova Ordem, afirma que está fora da disputa este ano. Ele cita o advogado André Abrão como um dos expoentes da advocacia com capacidade de postular uma candidatura.
Entre os já conhecidos da categoria, uma figura nova aparece como pré-candidato, o advogado Pedro Miranda. Seu nome está vinculado à advocacia jovem e em início de carreira que busca a renovação da política classista. “Mais do que nomes, discutimos ideias para superação do tradicionalismo imposto por décadas em que, para prejuízo da advocacia goiana, os mesmos grupos se alternam no comando da instituição”, destaca.
Pedro ressalta ainda que a OAB-GO tem que sair da mão dos grandes escritórios e ter a sua a direção efetivamente democratizada e aberta para toda a classe. “Mudar os nomes, mas manter a mesma essência não dá mais. Queremos oxigenar a OAB, temos excelentes nomes para chegar a esse objetivo e vamos participar do processo eleitoral deste ano”, diz.