A relação entre a Prefeitura de Goiânia e Ministério Público não é das melhores. Diga-se, está azedíssima. É preciso ler nas entrelinhas: na semana passada a Agência Municipal de Meio Ambiente (Amma) chamou o MP-GO para firmar parceria durante o Dia da Conciliação Ambiental.
O MP pediu o cronograma do evento, deu uma olhada e devolveu: não participaria. Conforme a coordenadora do CAO Ambiente, Suelena Caetano Jayme, inexistia qualquer ato a ser praticado por promotor de Justiça no evento, portanto a Prefeitura não deveria anunciar qualquer parceria com o MP-GO.
A tática da Prefeitura é clássica no mundo das visibilidades: o Poder Executivo tentava pegar carona na imagem do MP junto à população. E para isso o Paço Municipal escolheu a famigerada AMMA, que foi vasculhada pelo próprio MP no começo do ano – fato que motivou a denúncia de inúmeros envolvidos em um rumoroso escândalo.
Gato escaldado, o MP pulou fora. O MP deve estar atento às jogadas da Prefeitura de Goiânia, hoje um dos órgãos mais descontrolados do país, com inúmeras denúncias nos tribunais de contas e órgãos judiciários.
E a Prefeitura tem rejeitado quem deseja realmente ajudar. O Governo estadual insiste em firmar parcerias e auxiliar o município, mas o prefeito Paulo Garcia politizou a gestão e prefere governar do seu próprio jeito.
O MP-GO está na cola da Prefeitura em inúmeras situações, como as emendas ao Plano Diretor, a reforma do parque Mutirama, o episódio dos supersalários da Comurg, o caso da Amma, etc.
Recentemente, a Prefeitura de Goiânia (tentando jogar no colo do Governo do Estado a teoria dos grupos de extermínio) fez campanha pela federalização das investigações das mortes de moradores de rua. O MP Estadual bateu o pé e disse que a maioria dos inquéritos já estavam finalizados e negava a presença de grupos de extermínio envolvidos.
O MP não gostou da jogada.
Ilustração: Cláudio Roberto