sábado , 11 maio 2024
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“Eu Te Amo”, “Eu Sei Que Vou Te Amar”, “Toda Nudez será Castigada”, “Pindorama” – Jabor virou estrela, o cinema brasileiro perdeu um grande talento

Antes de tudo, Arnaldo Jabor era apaixonado. Amava o cinema. Seu talento floresceu como diretor de filmes durante a segunda fase do Cinema Novo, queria analisar a realidade do país sob inspiração do neorrealismo. Enfrentou a ditadura nos tempos de dificuldades. Ao lançar “Toda Nudez Será Castigada”, por exemplo, foi considerado escandaloso para a família brasileira, sofreu cortes, teve sua exibição atrasada e, depois, as cópias recolhidas. Não desistiu. Ganhou o prêmio Urso de Prata no Festival Internacional de Berlim, e conseguiu voltar ao circuito de cinema no Brasil — ainda que com mais cortes exigidos pela censura.
Jabor foi um jornalista e comentarista com estio ácido ao falar, em seu cardápio os assuntos iam de cinema e arte, política, economia a sexualidade. Durante os escândalos dos governos do PT, tornou-se uma voz estridente contra os malfeitos da esquerda no poder. Como escritor Jabor mostrou a “Pornopolítica” em forma de literatura, e ainda escreveu “Amigos Ouvintes”, em 2007 e “O Malabarista”, em 2014.
Jabor marcou época no país com o filme “Eu Sei Que Vou Te Amar”, de 1986, com a jovem Fernanda Torres no elenco e indicado à Palma de Ouro no Festival de Cannes. Em “Eu Te Amo” Jabor costurou, pintou e bordou sobre temas tabus no cinema de 1981, como homossexualidade, por exemplo. No enredo, um empresário falido (Paulo César Pereio) é abandonado pela esposa (Vera Fischer). Ao vagar pela cidade, encontra uma prostituta (Sônia Braga), que também vivia uma decepção amorosa, após ter sido abandonada por um piloto de avião (Tarcísio Meira). O filme é carregado de diálogos tensos e poderosos, bem ao estilo Nelson Rodrigues, de quem Jabor já havia filmado Toda Nudez Será Castigada.

Prêmios
Ao longo da carreira, Arnaldo JAbor dirigiu sete longas, dois curtas e dois documentários. Em 1978, ganhou o prêmio Candango de Melhor Filme, no Festival de Brasília, por Tudo Bem. O cineasta ainda ganhou o Kikito de Ouro de Melhor Filme, no Festival de Gramado, por Toda Nudez Será Castigada (1973) e o Prêmio Especial do Júri, no Festival de Gramado, por O Casamento (1975). Com Eu Sei Que Vou Te Amar, em 1986, foi selecionado para a cobiçada mostra principal do Festival de Cannes, onde concorreu à Palma de Ouro de Melhor Filme .

Morte
Jabor estava internado desde dezembro do ano passado no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, após sofrer um acidente vascular cerebral (AVC). Ele morreu nesta terça-feira (15). “Jabor virou estrela, meu filho perdeu o pai, e o Brasil perdeu um grande brasileiro”, escreveu em uma rede social Suzana Villa Boas, ex-mulher de Jabor. Ele deixe três ex-mulheres, três filhos e quatro netos.

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