Emival Caiado Filho é primo do governador de Goiás, Ronaldo Caiado (UB), e vem travando uma batalha judicial para ficar longe do cadastro dos nomes que estão na lista suja do trabalho escravo no Brasil. O Repórter Brasil mostrou uma reportagem especial sobe o caso.
Até então, os dribles que deu para não entrar na “lista suja” permitiram ao pecuarista seguir comercializando animais para grandes frigoríficos, como Marfrig, Frigol e Beef Nobre, todos com compromissos antitrabalho escravo. É o que revela um levantamento exclusivo da Repórter Brasil, que mostra também que Caiado conseguiu repassar animais ao Beef Nobre mesmo no curto período de 10 meses em que seu nome foi incluído no cadastro.
Os animais criados nas fazendas do pecuaristas também podem ter ido parar nas bandejas de carne de outras empresas como JBS, Masterboi, Cooperfrigu, Boi Brasil e LKJ através de fornecimento indireto – em alguns casos, ocorrido no período em que seu nome aparecia no cadastro de empregadores condenados por trabalho escravo.
Mas o próprio Caiado admite que vendeu ainda mais bois do que os rastreados nesta reportagem. Em um telefonema, reconheceu que usa o expediente conhecido como “lavagem de gado”, repassando animais para terceiros para que possam ser comercializados sem que seu nome conste nos documentos. “Esse gado que está sendo abatido agora eu tive que passar para nome de outras empresas pra não aparecer nem meu nome, que está pichado com um estigma desses, como se eu tivesse cometido um crime na fazenda”, afirma.
“Com liminar atrás de liminar, Emival conseguiu manter sua atividade comercial em patamar quase normal até hoje”, lamenta o frei Xavier Plassat, coordenador da Campanha contra o Trabalho Escravo da Comissão Pastoral da Terra (CPT).
“Não deixa de ser impunidade tendo em vista os anos que se passaram entre a autuação, a condenação e a entrada na lista”, concorda a Coordenadora Nacional de Erradicação do Trabalho Escravo e Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas do MPT, a procuradora Lys Sobral Cardoso.