As declarações do presidente da república Jair Bolsonaro (PL) foram registradas durante uma entrevista para um podcast nesta sexta-feira (14). Em um recorte da fala, ele afirma que encontrou uma casa onde meninas, menores de idade, se preparavam para “ganhar a vida”, termo usado para se referir a prostituição.
“Parei a moto numa esquina, tirei o capacete e olhei umas menininhas, três, quatro, bonitas; de 14, 15 anos, arrumadinhas num sábado numa comunidade. E vi que eram meio parecidas. Pintou um clima, voltei, ‘posso entrar na tua casa?’ Entrei. Tinha umas 15, 20 meninas, [num] sábado de manhã, se arrumando, todas venezuelanas. E eu pergunto: meninas bonitinhas, 14, 15 anos se arrumando num sábado para quê? Ganhar a vida. Você quer isso para a tua filha, que está nos ouvindo aqui agora. E como chegou neste ponto? Escolhas erradas”, disse o presidente na entrevista.
Perguntas: Se o presidente encontrou uma casa onde a pedofilia é uma prática comercial, porque não denunciou? Que providência foi tomada? As crianças, vítimas da exploração sexual, foram resgatadas? Os adultos envolvidos no escândalo foram presos?
Fato ou fake?
Se for fato, embora uma venezuelana tenha desmentido Bolsonaro, o presidente prevaricou por deixar o crime acontecer sem tomar nenhuma providência. Estamos falando de sexo com crianças venezuelanas durante o dia e de um suposto ponto de prostituição infantil.
Bolsonaro segue o mesmo caminho de sua ex-ministra Damares Alves, que afirmou possuir imagens de sexo oral e anal com recém-nascidos no Pará, mas não tomou providências. No caso do presidente, a gravidade é gigantescamente maior, pois jamais poderia ficar omisso diante de um fato como este. Resta como saída menos vergonhosa a Bolsonaro, admitir que propagou discurso de ódio e fake news para tirar proveito eleitoral da mentira.
Cristiano Silva
Opinião G24h