segunda-feira , 23 dezembro 2024
Opinião

(Opinião) Bolsonaro recriou o comunismo no Brasil, sem ele não teria a direita nas mãos

Gregório Bezerra, torturado em praça pública pelos militares

Apegados as invenções mais descabidas do mundo cibernético, bolsonaristas continuam clamando pelo golpe militar. Tentaram quebrar o país, fechando rodovias, enfrentaram a polícia, foram expulsos na base do spray de pimenta e bomba de efeito moral. Recuaram. Optaram pelos QGs do Exército. Acampados, acreditam em uma intervenção. Qual a justificativa? As urnas foram fraudadas.

Ignoram os resultados dos parlamentares bolsonaristas eleitos pelas mesmas “desprezíveis” urnas eletrônicas que tanto condenam. Urnas estas que elegeram 99 deputados federais do bolsonarismo, entre eles Gustavo Gayer (PL) com 200.586 votos, e o mineiro Nikolas Ferreira (PL), deputado federal eleito mais votado do país com 1.492.047 votos. Os filhos de Bolsonaro também foram eleitos pelas “malditas urnas”, e não aceitam nenhuma contestação dos votos que conquistaram. Mas quando se trata dos votos de Lula, contestam, inventam, caluniam.

Na verdade as urnas nunca foram problema. A pedra no sapato é o sapo barbudo, duro de engolir, chamado Lula.

A estratégia do bolsonarismo em tentar dar o golpe é tão ridícula, quanto ordinária. Criaram um papo de “comunismo”, que não dá as caras no Brasil desde os tempos do ex-deputado federal Gregório Bezerra (foto), que em 1964 foi capturado feito bicho, arrastado nas ruas do bairro de Casa Forte no Recife, com uma corda amarrada ao pescoço e torturado em praça pública pelos militares. Seu crime: contribuiu com a organização de uma greve realizada por 200 mil trabalhadores zona canavieira,”um filho da puta de um pulguento comunista”, diziam os conservadores, donos dos canaviais, da época.

O mesmo fazem hoje. Os ricos do agro enfiam dinheiro, querem o caos. O problema é que esse papo de “comuna” é atrasado e não cola mais. E se não há comunista suficiente para tanto ódio, é preciso fabricá-los, criar uma maldita narrativa para esses “depravados”, “pagãos abortistas”, “destruidores da boa fé” e da “família”, “vão fechar as igrejas”. Querem a morte de Lula, mostram facas nas redes sociais, que usariam para degolar o presidente eleito. O gabinete do ódio fabrica mentiras e notícias falsas diariamente e isso alimenta o magnicídio.

É assim que o pai da pátria, Jair Bolsonaro, tem criado o “comunismo”, fomentando as ilusões de seus puritanos ingênuos, que tentam tocar fogo no Brasil por nada. Sem direita não há esquerda. É preciso não só mantê-la viva como também satanizá-la.

Até quando vai durar isso? Não sabemos. Porém, desde que não atrapalhe o bom andamento do país, cabe a nós observadores respeitar mesmo que discordemos, pois isto também é democracia.

Cristiano Silva
G24h