Um menino de 10 anos chamado Yazan Kafarneh tornou-se o rosto da fome na região de Gaza. As imagens de Yazan, tiradas com a permissão de sua família, revelam uma criança frágil e desnutrida lutando pela vida. O menino, que faleceu na última segunda-feira (04), chamou a atenção do mundo para a fome em Gaza e as condições em que os civis estão vivendo.
Organizações de ajuda humanitária alertam que as mortes por causas relacionadas à desnutrição estão apenas começando em Gaza, onde vivem mais de 2 milhões de pessoas. Cinco meses após o início da campanha de Israel contra o Hamas e do cerco a Gaza, centenas de milhares de palestinos estão sofrendo com a falta de mantimentos, segundo a ONU.
A situação é ainda mais grave, pois durante semanas, quase nenhuma ajuda chegou ao norte de Gaza. As principais agências da ONU suspenderam suas operações devido à pilhagem em massa das suas cargas por habitantes desesperados, às restrições israelenses aos comboios e às más condições das estradas danificadas durante a guerra.
Segundo autoridades de saúde de Gaza, pelo menos 20 crianças palestinas morreram de desnutrição e desidratação, muitas das quais também sofriam de problemas de saúde que aumentavam o risco à vida. A desnutrição em mães grávidas e a falta de fórmula alimentar para recém-nascidos também contribuem para o aumento da mortalidade infantil na região.
A saga de Yazan e sua família ilustra o desespero de muitos habitantes de Gaza. Seus pais fugiram de casa várias vezes após o bombardeio israelense, sempre em busca de um lugar mais seguro para o menino e seus dois irmãos. Eles acabaram em Al-Awda, na cidade de Rafah, no sul, onde Yazan morreu de desnutrição e infecção respiratória.
Com a guerra em Gaza, a fome se agrava. Já era uma luta conseguir o suficiente para comer na bloqueada Faixa de Gaza antes da guerra. Segundo a OMS, cerca de 15% das crianças do norte de Gaza com menos de 2 anos de idade estão gravemente subnutridas, bem como cerca de 5% do sul. Outro agravante é a falta de água potável para produzir a fórmula.
Neste cenário, muitas famílias estão em situações parecidas. Ali Qannan não sabe o que fazer para salvar seu filho. O bebê de 13 meses, Ahmed, está sendo tratado no Hospital Europeu no sul de Gaza, desenvolveu barriga inchada, diarreia e vômito um mês após o início da guerra. Os médicos não conseguem realizar os testes de diagnóstico adequados devido à falta de recursos.