Veja matéria da Tribuna do Planalto:
Ilustração: Tribuna do Planalto
Qual é a chapa ideal para a oposição?
Iris Rezende, Júnior do Friboi e Antônio Gomide são os nomes mais citados para o governo do Estado. ‘Junistas’ e petistas veem Iris como o candidato dos ‘sonhos’ para o Senado
Marcelo Tavares – Repórter de Política
As oposições terão trabalho para definir os candidatos que irão compor a chapa majoritária para as eleições de 2014. Nomes não faltam, mas o desafio será construir uma chapa que satisfaça todos os grupos envolvidos. Dentro da aliança PMDB/PT, três chapas são comentadas nos bastidores, de acordo com a ligação interna de cada liderança. Os aliados do empresário Júnior do Friboi (PMDB), conhecido por junistas, acreditam que ele é o melhor nome para o governo, enquanto que iristas defendem que o ex-governador Iris Rezende (PMDB) seria o candidato mais forte para uma corrida ao Palácio das Esmeraldas. A maior parte do PT, por sua vez, tenta de emplacar o prefeito de Anápolis, Antônio Gomide, ao governo.
Essa divisão parece um pouco óbvia, mas o interessante fica por conta dos argumentos de cada liderança para defender o seu lado. Iris Rezende, por exemplo, é o candidato a senador preferido dos apoiadores de Júnior do Friboi. Para eles, o ex-prefeito daria peso eleitoral, além de cacifar a chapa com algo que Júnior não tem: experiência e votos cativos, já que o empresário é novato na política. No caso dos aliados de Iris, por exemplo, o grupo acredita que Friboi seria um ótimo candidato a vice-governador, pois assim poderia injetar estrutura na chapa e fortificá-la financeiramente. Para membros dos dois grupos, o PT ficaria com a terceira vaga, seja ela para vice-governador – no caso dos junistas – ou Senado – para os iristas.
Friboi se colocou como pré-candidato e vem sendo apoiado por muitos prefeitos e deputados. Ele se beneficia, principalmente, pelo seu potencial financeiro. Já Iris é um líder nato no partido, tem histórico político respeitado e capilaridade eleitoral em todo o Estado. Um peemedebista, que prefere não se identificar, diz que a melhor composição de chapa majoritária no partido é com Iris Rezende, Júnior do Friboi e Antônio Gomide. Para ele, os três têm todas as características de um bom candidato. Segundo esse peemedebista, Iris seria o puxador de votos no Estado, uma vez que tem aceitação muito grande no eleitorado. Gomide tem sido muito bem avaliado e destacado pela sua administração em Anápolis, e Friboi, além dos recursos para investir na campanha, é um administrador com tarimba nacional e internacional, por conta da gestão das empresas de sua família.
Experiência
Integrante da Executiva do PMDB, Kid Neto defende a candidatura de Iris Rezende como governador, já que, para ele, esse é o único nome na sigla que tem experiência e potencial para conseguir mais votos. “O Iris vai entrar de corpo e alma na campanha e será o único em condições de contornar a situação do Estado, que em 2015 terá mais de R$ 30 bilhões em dívidas”, ressalta.
Para Kid, a vice-governadoria poderia ficar com Antônio Gomide, se ele aceitar deixar a prefeitura de Anápolis, ou com o próprio Friboi, a quem Kid Neto faz algumas ressalvas. “Não creio que o Júnior possa dar conta de fazer um bom governo. Não acho que ele dá conta e não tenho confiança de que esteja no PMDB de coração limpo. Pra mim ainda tem muita nebulosidade na convivência do Friboi no PMDB”.
O ex-deputado estadual José Nelto (PMDB) defende uma chapa diferente e bem difícil de se concretizar: a composição com a união das oposições. Para ele, a chapa ideal da oposição seria Iris como governador, Vanderlan Cardoso como vice-governador e Ronaldo Caiado como senador. “O PT ficaria com a chapa forte da Câmara Federal e em 2016 lançaria os candidatos para as prefeituras de Goiânia, Anápolis e Aparecida de Goiânia”, explica Nelto, afirmando que para isso acontecer é preciso que todos os membros da oposição “desçam do salto e calcem as sandálias da humildade”. O peemedebista ressalta que eleição é uma construção feita com muitas mãos e que quem tentar andar sozinho não chegará a lugar algum.
Ao contrário de Kid Neto, o prefeito de Porangatu, Eronildo Valadares (PMDB), é um defensor da candidatura de Júnior Friboi a governador. O prefeito diz que o empresário do ramo de frigoríficos é um grande administrador e merece a oportunidade de trabalhar por Goiás. Os demais papeis na chapa ficariam com o PT, que poderia indicar Olavo Noleto (PT) para ser o vice-governador, que, segundo Valadares, tem bom trânsito em Brasília e uma ligação forte com Dilma Rousseff. Para finalizar o prefeito fala em Iris Rezende (PMDB) para concorrer ao Senado, a quem ele considera a maior liderança individual do partido e que não poderia ficar de fora do processo. “Na minha região é forte o sentimento das lideranças para essa mesma composição”, frisa.
Nos bastidores, os junistas reúnem esperança de convencer Iris Rezende a disputar uma vaga no Senado. Entre os argumento utilizados, está o de que Iris tem um ótimo perfil para ser presidente da Casa, caso seja eleito em 2014. As lideranças que apoiam Júnior argumentam que a experiência de Iris, aliado ao fato de ter bom trânsito entre a cúpula nacional do PMDB, que geralmente elege a maior bancada, seria um fator preponderante para a escolha. Já os iristas, porém, descartam a ideia e dizem que o ex-prefeito não tem intenção alguma de partir para um voo nacional.
Favorito
Entre os petistas, a chapa favorita é aquela que tem o prefeito Antônio Gomide (PT) como cabeça de chave. Para os partidários, Gomide tem gestão para mostrar e é forte na cidade em que o PMDB tem lacunas e sofreu grandes derrotas nas últimas eleições. O PMDB, devido ao seu tamanho, ficaria com as duas outras vagas restantes na chapa. Entre os petistas, Iris Rezende também é o favorito para a vaga do Senado já que, segundo avaliação de lideranças, o ex-prefeito não se candidataria a vice de ninguém.
O deputado estadual Mauro Rubem (PT) quer manter aliança do PT e PMDB, mas quer ela em nome de um candidato do seu partido, sendo Gomide ou Paulo Garcia (PT), os mais cotados em sua opinião. Mas, ao mesmo tempo, o parlamentar diz que essa situação pode mudar. “Ainda não podemos falar numa definição de nomes. Para defini-los temos de nos preocupar em formatar um plano de governo e consolidar as alianças, ouvindo a sociedade. A partir dai, o caminho é natural para escolher os nomes”, ressalta.
Apesar de Rubem citar o prefeito Paulo Garcia, este tem perdido fôlego internamente como alternativa do PT para 2014. Ainda assim, Paulo não pode ser descartado. Conta a favor do prefeito o fato de ser muito próximo de Iris Rezende, o líder peemedebista (Leia mais na página 2). A vantagem de Gomide ocorre, principalmente, por ele já estar no quinto ano de mandato em Anápolis e ser bem avaliado. Já Paulo Garcia assumiu em 2010 e foi reeleito em 2012.
O deputado federal Rubens Otoni (PT) defende que as escolhas neste momento são muito prematuras, mas ressalta que um dos nomes para concorrer ao governo e que atualmente está em condições de ganhar é o de Gomide. “Mas, comparo essa definição agora a igual escalar a seleção brasileira para um jogo que só vai ocorrer no ano que vem. Como escalá-la agora se você não sabe qual será as condições dos jogadores não época do jogo. A chapa será composta por quem estiver melhor e isso só se avalia na véspera da escolha, que é lá para abril ou maio”, ressalta.
No PT as opiniões semelhantes. O deputado Karlos Cabral (PT) também defende que hoje Gomide é um nome muito bem visto pela sociedade, tem passado limpo, histórico político ilibado, além de não fazer parte de grupos políticos que comandaram o Estado nos últimos anos. Com relação às demais vagas, o parlamentar assinala que as escolhas devem ser feitas levando-se em conta as discussões sobre a aliança com PMDB, “que ainda não está consolidada, mas que esperamos que continue”, frisa o deputado petista.