quinta-feira , 2 maio 2024
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Caiado valoriza sua saída dizendo que Campos dispensou o apoio do agronegócio. Errado: o agronegócio não tem votos

O deputado federal e líder ruralista Ronaldo Caiado (DEM) procura valorizar sua saída da base de apoio à candidatura de Eduardo Campos dizendo que ele, Eduardo, dispensou o apoio do agronegócio, “o setor mais produtivo da economia, responsável por 23% do PIB e por mais de um terço dos empregos formais do país”.

Vale a tentativa.

Mas o agronegócio, em termos políticos e eleitorais, é insignificante. Não tem votos e só dispõe expressão política dentro do jogo interno do Congresso Nacional, onde a sua bancada se esmerou em adotar posições antipáticas e impopulares, contrárias às tendências do mundo moderno, em que as preocupações com a preservação ambiental vêm antes das necessidades de produção de bens e riquezas.

O Brasil se tornou industrial e urbano. O setor rural, no esforço para acompanhar essa evolução, mudou seu nome para “agronegócio”, mas a sua mentalidade ainda é a mesma, arcaica, conservadora, ancorada em princípios de direita, sem sequer aceitar os postulados do liberalismo econômico – enquanto no mundo todo as posições de direita evoluíram mediante os conceitos do liberalismo e do neoliberalismo.

Em eleições, todo apoio é importante. Mas uns são mais importantes que outros. Marina Silva pode levar para Eduardo Campos o apoio dos trabalhadores rurais, esses sim, contados aos milhões, como o próprio Caiado admite (“O agronegócio gera mais de um terço dos empregos brasileiros”), enquanto donos de fazendas e empresários do campo contam-se no máximo aos milhares.A troca, para o PSB, é muito vantajosa.

Por isso, também, Caiado se tornou dispensável para Campos: por falta de votos.