Veja matéria publicada no jornal Diário da Manhã:
Cientistas políticos apontam os favoritos para disputa ao governo
Por deter máquina administrativa do Estado, governador Marconi Perillo (PSDB) leva vantagem na corrida pela sucessão estadual de 2014, na opinião da maioria dos dez professores de Ciência Política ouvidos pela reportagem do Diário da Manhã; Iris Rezende (PMDB) é indicado como alternativa da oposição
A um ano das eleições de 2014, os partidos já promovem debate interno para a escolha dos candidatos aos cargos majoritários – governador. vice-governador e senador – e os pretendentes peregrinam pelo Estado afora, em busca de respaldo da militância e dos segmentos organizados da sociedade.
O PSDB, PMDB, PT, DEM e PSB, as maiores legendas organizam encontros regionais e abrem a discussão sobre a escola dos prováveis candidatos ao Palácio das Esmeraldas. A partir daí, as candidaturas sejam consolidadas e o cenário eleitoral para o ano que vem vai se configurar, além das alianças e coligações.
O PSDB, que lidera uma frente de 15 partidos, conta com a candidatura à reeleição do governador Marconi Perfilo. Por sua vez. Marconi só vai discutir a possibilidade de submeter-se pela quarta vez à disputa eleitoral para o governo. em dezembro.
O PMDB. que deve aliar-se ao PT, está mergulhado na disputa interna: ex-prefeito Iris Rezende e o empresário Júnior Friboi colocam-se como alternativas, O PT, que deve abrir mão da cabeça-de-chapa para o PMDB, ainda sonha em concorrer ao governo e as opções são os prefeitos Antônio Gomide (Anápolis) e Paulo Garcia (Goiânia).
A terceira via, que envolve o PSB, PDT, PRP e PSC, trabalha a candidatura do empresário e ex-prefeito de Senador Canedo Vanderlan Cardoso. O DEM, que tem Ronaldo Caiado como opção para governador, abandonou a terceira via, devido a crise com o PSB de Eduardo Campos e de Marina Silva. O deputado federal Armando Vergílio, recém filiado ao Partido Solidariedade, também se dispõe a concorrer ao Palácio das Esmeraldas.
Cientistas Políticos
Pedro Célio Alves Borges, professor de Ciência Política da Universidade Federal de Goiás (UFG) vê, no cenário político atual, apenas duas opções com chances de conquistar o Palácio das Esmeraldas nas eleições do ano que vem: governador Marconi Perillo e o PMDB (através de Iris Rezende ou Júnior Friboi). Ele não arrisca apontar um possível vencedor. “Ambos os polos – PSDB de Marconi e PMDB-PT – dispõem de poderosas estruturas partidárias e de coligações garantidas que lhes anunciam para bons tempos para a propaganda na televisão e acesso às forças sociais capazes de resultar em apoios eleitorais consistentes.” O professor sustenta que os demais pretendentes – Vanderlan Cardoso. Ronaldo Calado e Armando Vergilio – ‘dependem ainda de apresentarem alguns requisitos para afirmarem-se na disputa eleitoral.’
O cientista político Francisco Itami Campos, da UFG e UniEvangélica, diz que o governador Marconi Perillo leva vantagem para conseguir a reeleição em 2014. ‘0 poder de fogo de um governador é muito grande. Por isso, Marconi sai à frente desta corrida sucessória. O governador vem se recuperando dos desgastes políticos ao se dedicar ao trabalho no interior. O ex-prefeito Rezende, do PMDB, para Itami, tem força eleitoral, por ter ocupado o poder por tanto tempo em Goiás e na Prefeitura de Goiânia. “Só que Iris tem também seus desgastes pela longevidade do poder.” Ele lembra que os demais pretendentes – Vanderlan, Caiado e Vergilio – têm pouca presença no interior e na propaganda política do rádio e televisão.
Denise Paiva Ferreira, também professora de Ciência Política da UFG, diz que o governador Marconi Perillo (PSDB) sai à frente na disputa pela sucessão estadual, “exatamente por ocupar o poder.” Ela diz que o governante que concorrer à reeleição, leva vantagem sobre os adversários. ‘Isso é inquestionável, pois o governante detêm o controle da máquina, está mais presente na mídia, frequenta intensamente o interior do Estado.” Denise Paiva ressalta que Iris Rezende tem sua força eleitoral por contar com o apoio da dupla Dilma Rousseff/Lula. “O governo federal reforça o palanque de Iris em Goiás, isso é inegável.”
Já o cientista político Francisco da Mata Machado Tavares, da UFG, também aponta o governador Marconi Perfilo como favorito na disputa pela sucessão estadual. “Marconi controla a máquina pública. tem maioria na Assembleia Legislativa e forte presença no interior do Estado, com apoio maciço dos prefeitos. Isso lhe dá uma ampla vantagem eleitoral sobre a oposição.”
Ele reconhece que o ex-prefeito Iris Rezende se fortalece quando recebe apoio do PT, que ocupa o governo federal. “Mas o PMDB e a terceira via enfrentam muitas dificuldades internas, o que enfraquece qualquer projeto eleitoral arrojado como o de disputar o governo estadual.”
Já o cientista político Wilson Ferreira Cunha da Pontifícia Universidade Católica (PUC/Goiás) vê favoritismo para Marconi Perillo. “O governador tem o poder, isso influencia muito, chega a ser decisivo.” O professor lembra que Iris Rezende pode ser também uma alternativa concreta na disputa, mas lembra que o ex-prefeito “é pouco conhecido entre a juventude.” O fato de o PMDB não estar definido entre Iris Rezende e Júnior Friboi, para Wilson Cunha, dificulta qualquer análise mais consistente. “Vanderlan, Caiado e Vergilio ainda não se mostraram competitivos como Marconi e Iris.”
Pedro Santos Mundim, da UFG. prefere não apontar favoritos, diante de um “cenário incerto” e candidaturas indefinidas. “É cedo para dizer que o governador Marconi Perillo tem chances ou não, se ele se recupera ou não.” Sobre a oposição, o professor também diz a mesma coisa: “Não se sabe se o PMDB vai de Íris Rezende ou de Júnior Friboi, se até lá a terceira via de Vanderlan Cardoso vai se manter. É um quadro nebuloso e incerto. Não dá para dizer algo consistente sobre o que pode acontecer nas eleições do ano que vem em Goiás. É arriscado emitir opinião agora.”
Maria Aparecida Guimarães Skoruspski, da PUCGoiás, também acredita que o governador Marconi Perillo sai à frente na corrida ao Palácio das Esmeraldas, por deter o controle da máquina do Estado. “O Marconi tem condições de se reeleger, por estar à frente do governo e deverá enfrentar uma oposição fragilizada. Iris Rezende está debilitado. porque o seu partido, o PMDB acumula, ao longos dos anos, desgastes eleitorais em Goiás. O PT, por sua vez, também tem dificuldades, principalmente em Goiânia.”
João Carlos Amoroso Botelho, da UFG, aponta Marconi Perfilo e Iris Rezende como favoritos à sucessão estadual de Goiás. “No início de qualquer campanha para governador, os mais conhecidos aparecem nos primeiros lugares, mas, com o desenvolvimento da campanha e com os debates e programas de televisão, principalmente, o cenário pode ser alterado.” E ressalta: “É evidente que, em Goiás, Marconi e Iris são os candidatos mais fortes, que desfrutam de prestigio político-eleitoral há anos em Goiás.” Para ele, é prematuro ainda dizer que Vanderlan Cardoso, Ronaldo Caiado e Armando Vergílio possam se tornar ou não candidatos competitivos ao pleito de 2014.
Pedro Araújo Pietrafesa, da PUC-Goiás, também vê a eleição no Estado polarizada entre o PSDB e PMDB/PT’. “O governador Marconi Perillo pode se recuperar e tornar-se um nome forte na disputa pela reeleição.
Ao ir para o interior, Marconi mostra força e prestígio eleitoral. O PMDB, com Iris Rezende, sempre se coloca, historicamente, competitivo. Júnior Friboi tem que resolver sua situação primeiro internamente no PMDB, com Iris. Vanderlan vai depender do cenário nacional e de como vai se posicionar Eduardo Campos. É cedo para avaliar o desempenho de Ronaldo Caiado e Armando Vergilio.”
Athos Magno Costa e Silva, professor de Teoria Política da PUC-Goiás, é outro que vê a eleição para governador polarizada entre o PSDB e a aliança PMDB/PT. “São as duas correntes políticas com maior peso político em Goiás e que, certamente, decidirão a próxima disputa para o governo.” Athos Magno não acredita na consolidação da terceira via, que tem como alternativa o empresário Vanderlan Cardoso na disputa pelo governo estadual. “E incorreto dizer que o governador Marconi Perillo não vai se recuperar até as eleições. Ele será um nome competitivo, mais uma vez.” E acrescenta: “A aliança PMDB/PT tem um espaço grande para crescer em Goiás, desde que saiba escolher o candidato certo para a disputa eleitoral.”
