quarta-feira , 8 maio 2024
Goiás

Editorial da rádio 730 diz que a greve dos policiai civis já passou dos limites

Veja matéria da rádio 730:

Marconi pode melhorar a segurança pública dando chance a escrivães e agentes. Basta ter coragem

Última atualização em Terça, 12/11/2013 10:58h

A greve de agentes e escrivães passou dos limites. Existem várias maneiras de resolver o impasse e a melhor é o governo aproveitar o ensejo e mudar o sistema policial. Para isso, são necessárias coragem e decisão política. Se o governador Marconi Perillo e o secretário de Segurança Pública, Joaquim Mesquita, estiverem com medo de sindicalistas, vão manter a sociedade refém das reivindicações. Marconi precisa retomar o modelo original de polícia que ele defendia, com ciclo completo. Ou seja, o soldado que atende a uma ocorrência pode finalizá-la de onde estiver. Só precisa levar o suspeito à delegacia em caso de prisão em flagrante por crime grave. O modelo atual é arcaico, ineficiente e fomenta a corrupção. Mesmo por delito leve, a pessoa é carregada à delegacia. A viatura da PM, que deveria patrulhar, fica no distrito aguardando o preso ser atendido.

Marconi, um gestor moderno, deve entender que algumas funções ficaram no passado. Não tem nada que um escrivão faça que qualquer outro servidor não possa realizar. Aliás, nem precisa ser funcionário. O governo pode aproveitar nas delegacias e distritos os beneficiários da Bolsa Universitária. Os alunos de Direito dão conta do trabalho do escrivão. O governo precisa ter coragem de enfrentar a cara feia dos sindicalistas. A oferta aos escrivães deve ser democrática, já que a maioria passou em concurso público. Os que estiverem em greve e quiserem voltar com o salário oferecido, muito bem. Quem rejeitar, não há problema, ninguém é obrigado a trabalhar infeliz ou sabendo que há remuneração melhor em outro lugar. Goiás é o Estado do pleno emprego. Está sobrando vaga no comércio, na indústria e na prestação de serviços. Há vida fora da repartição. Basta procurar empresa particular e ser feliz no mercado. Escrivães que têm outras atividades sabem a dor e a delícia da iniciativa privada.

A atividade dos agentes é muito específica. Para eles existe a proposta da greve ao contrário. Trabalhar mais, desvendar mais casos, prender mais criminosos e, só então, pedir aumento. Atualmente, o desempenho dos agentes é fraco. Se recebessem por produtividade, quem estaria protestando seria o delegado-geral. Em greve ou não, os índices de elucidação caminham próximos de zero.

Ninguém desvenda arrombamento de residência, tanto que as vítimas nem mais comunicam à polícia.

Ninguém desvenda assalto, por isso raramente alguém vai à delegacia.

Quando algum ladrão acaba pego, é por azar, não por esforço de investigação. Existem atenuantes. A quantidade de agentes é pequena e reclamam da estrutura. Falta-lhes, até, combustível. Mas os dados revelam o contrário. Eles são 3 mil e em Goiás não tem 3 mil bandidos soltos. O único crime que a polícia realmente investiga é o de homicídios. E não existem 3 mil assassinos agindo. Os ladrões também não são 3 mil, mesmo se somados aos matadores. Portanto, ainda o efetivo sendo pouco, tem mais policiais que bandidos.

Para dizer isso às categorias é preciso coragem e mais coragem ainda ao governador na satisfação de sua vontade. Marconi gostaria de unificar as polícias, mas não vê condição política nem de unir as ações, quanto mais as corporações. Nos últimos governos, fez-se o contrário: em vez de reduzidas de duas a uma, as polícias passaram a ser três: Civil, Militar e Científica. Em vez de aumentar o número de policiais, aumentou-se o número de polícias. A paralisação radical cede dá ao governador a oportunidade de fazer o certo. Se não vislumbra condição de unificá-las, que ao menos modifique as polícias. A sistemática está visivelmente errada. Mudar exige coragem, porque a hora é a certa.

Coragem de treinar acadêmicos de Direito para substituir escrivães que desejem ser felizes em outros locais de trabalho.

Coragem de atribuir aos agentes um contracheque de acordo com o mérito.

Será ótimo como exemplo aos novos policiais, recém-aprovados em concurso, que estão na academia treinando antes de assumir os cargos. Vão entrar com todo gás, sabendo que seu salário depende de seus esforços, de seu talento. Com o passar dos meses, quem tiver vocação, permanecerá.

É preciso que o governador demonstre coragem e vontade política. Ele dispõe de ambas. A greve fora dos limites lhe deu a oportunidade de apresentá-las na prática.