Texto publicado no site da Rede Clube de Comunicação (antiga Rádio 730)
Muita gente diz que Miami é a Goiânia da costa americana. A referência está longe de ser um elogio. A comparação fica restrita ao novo-riquismo e à breguice do lugar mais conhecido da Flórida. Miami abastece as sacoleiras chiques de Goiás, que sonegam milhões de dólares todos os meses. Nesta semana, a cidade das famosas praias recebe um turista acidental, o prefeito de Goiânia, Paulo Garcia. Depois de uma semana curtindo férias no Panamá, Paulo Garcia voou da América Central. Não para Goiânia, pois ele está cansado desse trânsito caótico, das ruas alagadas, das empreiteiras pressionando. Em vez de embicar o avião para o sul, Paulo Garcia foi para o outro lado do continente, pois de bobo ele não tem nem o andado.
Paulo Garcia amontoa problemas a resolver em Goiânia. Sua reeleição foi apoiada por 13 partidos e para eles o prefeito criou este ano 1 mil e 150 cargos. Repetindo: Paulo deu emprego para 1 mil e 150 novos companheiros. Mais de metade dos municípios goianos tem menos adultos do que a quantidade de aspones estreantes que Paulo Garcia enfiou na prefeitura em 2013. É contracheque demais para o povo quitar. A prefeitura de Paris, que tem dez vezes mais habitantes que Goiânia, tem 150 funcionários nomeados. Repetindo, Paris tem mil por cento a mais de moradores e vinte vezes menos aspones.
Já na oitava viagem internacional em pouco tempo de mandato, Paulo Garcia adiou a discussão com os aliados. A turma quer mais cargos. Não importa a opinião do povo, importam os ruídos na base. Dos 35 vereadores, Paulo Garcia manda em 25. Vinte e cinco integrantes da Câmara e 13 partidos enchendo a paciência 24 horas por dia. Enlouquecem qualquer pessoa. Por isso, o prefeito tem razão de emendar uma excursão na outra, fugindo dos problemas, porque não tem cabeça que suporte tanta gente chata exigindo mordomia.
Mas uma hora Paulo Garcia vai desembarcar na plantação de abacaxis. Para descascar os pepinos, o prefeito precisa mudar de atitude. Na salada, conta com o dinheiro da presidente Dilma e com a paciência dos goianienses. O primeiro, o recurso federal, parece infinito, porque os brasileiros são esfolados para lotar os cofres de Brasília com mais de 1 trilhão de reais por ano. Porém, os nervos de quem sofre em Goiânia começam a ficar à flor da pele. Por enquanto, a população ainda aguenta morrer no IPTU para financiar o turismo das comitivas do prefeito. O povo até compreende a breguice e o novo-riquismo da companheirada, mas uma hora os ombros vão quebrar com as despesas dos aspones. A dúvida é se o prefeito estará aqui para ouvir as costas do povo se arrebentando.