Veja texto do editorial desta quinta-feira da Rádio 730:
Revolta contra shopping mostra a futilidade da população
Última atualização em Quinta, 09/01/2014 13:05h
Os moradores da cidade se revoltam contra o aumento abusivo da taxa de estacionamento dos shoppings, mas o fato é que ninguém é obrigado a ir ao shopping. Paga quem quer. Diferente do aumento dos combustíveis, que obriga todo dono de carro a se curvar frente ao cartel dos donos de postos de gasolina.
Essa celeuma criada em torno do aumento da taxa de estacionamento demonstra o quanto o goianiense está alheio aos assuntos que realmente interessam à coletividade. Afinal, a quem afeta o fato de o estacionamento do shopping ser R$ 4 ou R$ 8 reais? A uma minoria da população que vai ao shopping com frequência e passa lá horas passeando sem ter o que fazer. Quem não faz da sua vida um passeio no shopping não vai sentir tanto a diferença.
A maioria da população vai ao shopping de ônibus, uma vez por semana, e está pouco interessada em quanto o dono do carro paga para ter o conforto de estacionar a alguns metros da entrada do shopping. Para essa população, que é maioria, interessa muito mais o conforto oferecido pelo ônibus, o valor do sit pass e o tempo de espera nos minúsculos abrigos do ponto.
Essa discussão, que levou o Procon a questionar os shoppings sobre a origem o aumento da taxa de estacionamento, ganhou corpo nas redes sociais e provocou o esvaziamento de um shopping da capital. Obviamente, essa reação não vai passar de sexta-feira, quando entram em cartaz, nas salas de cinema, os filmes da semana.
Todavia, a resistência da população a uma atitude considerada por ela abusiva demonstra a força da comunidade. Pena que essa reação não se dê em questões realmente importantes para a cidade, mas ocorra em relação a situações menores e que atingem uma pequena parcela da população. Quem dera se ouvisse tamanha grita contra ao caos da saúde pública e a má qualidade da educação; se a população se unisse em torno de um trânsito mais humano e de uma cidade mais limpa; ou se as pessoas de juntassem por uma causa nobre, como a defesa do meio ambiente ou o fim da mendicância.
A revolta contra o aumento do valor do estacionamento do shopping traz à tona a força da população ao mesmo tempo em que mostra o quanto ela é mesquinha, supérflua e fútil.