Artigo dominical da jornalista Cileide Alves, editora Geral de O Popular, é uma pancada nas administrações do PT e PMDB em Goiânia, em especial nas gestões de Iris Rezende e Paulo Garcia. Ela diz que o trânsito piorou de lá pra cá e que nada se fez para combater a tragédia das ruas.
Veja:
Da redação
09/02/2014
Invasão dos bárbaros
Em setembro de 2002 a Superintendência Municipal de Trânsito (SMT) levou cerca de 10 mil pessoas para a Praça Cívica em um evento sobre educação no trânsito. Foi apenas uma entre várias ações de uma campanha que incluiu propaganda educativa nos meios de comunicação de massa orientando motoristas e pedestres a respeitarem as faixas de pedestre, atividades nas escolas e a criação da Escola Pública Municipal de Trânsito e Transportes, reconhecida pelo Denatran como a primeira do gênero no Brasil.
Desde então 12 anos se passaram e o trânsito piorou. Campanhas educativas nunca mais. A frota de veículos multiplicou-se. De 1990 para cá a frota de carros cresceu quatro vezes e a de moto oito vezes. Atualmente são 872.436 carros e 266.966 motos nas ruas de Goiânia. Essa frota de motos é a terceira maior do País em números absolutos, atrás apenas de São Paulo e do Rio de Janeiro.
Já o transporte coletivo perdeu passageiros e não apenas pelas facilidades para comprar carro ou moto, mas também pela piora a olhos vistos da qualidade do serviço. Em 2007, ano da licitação do sistema de transporte da região metropolitana de Goiânia, 15,6 milhões de pessoas eram transportadas mensalmente por ônibus. No ano passado foram 13 milhões.
Os investimentos em infraestrutura viária têm sido irrisórios, assim como em sinalização de trânsito. Até mesmo as faixas de pedestres, vedetes da campanha de educação no trânsito de 2002, estão apagadas na grande maioria das vias públicas. A fiscalização resume-se basicamente aos radares eletrônicos, pois a cidade tem apenas 309 agentes de trânsito, três vezes menos do que o necessário para uma cidade do porte de Goiânia. Por fim, o valor das multas de trânsito está congelado há dez anos. Hoje cometer uma infração de trânsito, até as mais graves como furar um sinal vermelho, já não dói tanto no bolso do motorista.
Um cenário como esse só poderia terminar em tragédia. Em janeiro morreram 33 pessoas no trânsito de Goiânia. Números de 2013, ainda incompletos, indicam que mais de uma pessoa morreu a cada dia na capital no ano passado. Trafegar pelas ruas de Goiânia está se tornando muito perigoso.
O que se presencia diariamente é uma infinidade de motoristas bárbaros. Pessoas que furam o sinal vermelho sem o menor constrangimento, que fazem conversão de pista sobre as ilhas de grandes avenidas; andam em excesso de velocidade, estacionam em locais proibidos à luz do dia e em pistas de grande movimento, demonstrando não só desrespeito às leis, como também total desprezo pelas autoridades de trânsito, sem falar das grosserias e palavras de baixo calão que se ouvem.
O trânsito de Goiânia virou um território livre, sem lei e sem autoridade, e foi ocupado por motoristas agressivos, infratores, mal educados e velozes. Aqui a civilização já cedeu espaço à barbárie.