A imprensa goiana parece, em alguns momentos, ter perdido completamente o seu espírito crítico e investigativo.
Nesta semana, o ex-prefeito, ex-governador, ex-senador e ex-ministro Iris Rezende anunciou que, como pré-candidato a governador, fará uma “campanha” em que dedicará apenas dois dias por semana a viagens aos municípios.
Ponto final. Nossos vibrantes veículos de comunicação divulgaram a notícia, mas não explicaram para o seu público o que há por trás dessa estranha decisão de Iris. Afinal, dois dias por semana são absolutamente insuficientes para uma campanha das proporções exigidas pelo desafio de disputar o cargo de governador de Goiás.
Por que dois dias, apenas? Ora, porque Iris tem mais de 80 anos de idade, passou nos últimos anos por contínuos problemas de saúde e, é claro, não tem condições físicas de sair à vontade por aí para pedir votos e divulgar o seu nome. Se saísse, seria um “milagre”.
Para uma pessoa comum, as demandas de uma campanha pesada como a de governador já não são fáceis. Imagine-se então para um octogenário.
As fragilidades físicas de Iris são evidentes e admitidas até por ele mesmo, com alguma cautela. O receio é ter a sua condição de assumir as tarefas de governar questionada – o tema levanta dúvidas e costuma ser lembrado como restrição a Iris, em pesquisas qualitativas.
Em condições normais, alguém com mais de 80 anos dificilmente se proporia a disputar o Governo de um Estado, que só perde em pressão e importância para a Presidência da República.
Iris – que está na política há quase 60 anos e há 35 disputa todas as eleições – não larga o osso.
