Um dos momentos cruciais do governo Alcides Rodrigues foi o confronto entre o então secretário estadual da Saúde, Cairo de Freitas, e o então secretário da Fazenda, Jorcelino Braga. O motivo da briga, é claro, era dinheiro. Braga triunfou com o aval de Alcides, forçou a demissão do colega e, partir daquele momento, consolidou-se como a eminência parda da administração.
Assim como governo ficou pequeno para Cairo e Braga naquela ocasião, a convivência entre o secretário de Finanças de Goiânia, Cairo Peixoto, e o prefeito de Goiânia, Paulo Garcia (PT), ficou igualmente difícil. Principalmente depois da manchete do jornal O Popular deste sábado, em que o auxiliar denuncia o chefe por patrocinar uma reforma administrativa ridícula, que vai patrocinar cortes de gastos de apenas R$ 1,5 milhão por mês, enquanto o déficit é de R$ 40 milhões.
Num ato de ousadia quase surreal, Cairo entregou à reportagem uma cópia da proposta que ele formulou e apresentou ao prefeito, mas que foi rejeitada pelo petista sob o argumento de que o “remédio mataria o paciente”. Paulo foi exposto ao ridículo como nunca antes no atual mandato – e olha que o prefeito já foi bastante ridicularizado nos últimos meses.
Existe um grupo representativo no Paço que considera incômoda e indesejável a permanência de Cairo Peixoto na Secretaria de Finanças. Ele coleciona inimigos que têm influência na Corte, como o chefe de gabinete do prefeito, Iram Saraiva Júnior, o ex-presidente da Comurg Luciano de Castro, o secretário Andrey Azeredo e quase toda a base de vereadores aliados na Câmara.
Até aqui, este grupo não foi capaz de derrubar o secretário. Se não agir a tempo, é Paulo quem vai cair. A prefeitura ficou muito pequena para os dois.