segunda-feira , 6 maio 2024
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Afonso Lopes compara derrota de Iris ao assassinato de César em Roma por traidores

Em artigo publicado no seu próprio blog, o jornalista Afonso Lopes, decano da análise política em Goiás, compara a derrota de Iris Rezende à morte do imperador César no Senado romano. “Foram muitas mãos, que se desejam anônimas, que fizeram Iris se debruçar diante de, provavelmente, sua maior derrota pessoal”.

Leia o texto na íntegra:

Os carrascos de Iris

Iris tentou. No último momento, mas tentou. Foi atropelado, esmagado, massacrado. Sua carta de renúncia é carta-confissão de sua incapacidade diante do paredão peemedebista. Não deu. Acabou. Última página. A história chega ao fim.

Mas para quem Iris Rezende, uma das maiores glórias políticas da história do povo goiano, perdeu? Diretamente, para Jr Friboi. Que, aliás, nem é esse seu nome. José Batista Júnior, o filho de José Batista Sobrinho. Indiretamente, Iris viveu seu dia de Cesar no Senado romano. Foram muitas mãos, que se desejam anônimas, que fizeram Iris se debruçar diante de, provavelmente, sua maior derrota pessoal.

Doeram as derrotas para Marconi Perillo? Sim, claro, devem ter doído demais da conta. Mas Marconi era inimigo, estava do outro lado, na outra trincheira. Desta vez, não. Ele foi derrotado pelos ¨seus¨. Foi, em tradução prática, rejeitado pelos ¨seus¨. Enjeitado. Provavelmente, deve estar sendo muito mais difícil para ele esta derrota do que aquelas travadas no campo aberto do eleitorado.

Mas quem derrotou Iris Rezende dentro de ¨sua¨ própria casa. Um desconhecido recém chegado: Jr Friboi. Ou o que chegou antes do próprio, a promessa financeira. A promessa de financiar a tudo e a todos os que jurassem fidelidade. Foi ela, a promessa, que abriu as portas do PMDB, desde Brasília, para que Jr adentrasse como um conquistador viking, tilintando uma espada dourada. Iris perdeu para os bilhões e perdeu para Friboi.

Mas é ilusório acreditar que o ocaso de um dos deuses do Olimpo da política de Goiás aconteceu somente por causa de dinheiro. Não foi só isso. Iris também teve culpa, e o desfecho de Senado romano se fez também por seus próprios atos.

O primeiro foi a sua demora em dizer que queria disputar mais uma vez o governo do Estado. Ele demorou demais. Deixou companheiros perdidos e abandonados. Numa das postagens recentes, neste site, foram enumerados os 7 erros capitais que causam a derrota de candidatos ao governo. Pecado número 3: subestimar adversários (http://www.afonsolopes.com/category/eleicoes/).

Iris subestimou Jr. Achava que ele não conseguiria crescer nas pesquisas eleitorais. Acertou nesse ponto porque o adversário continua nesse aspecto um candidato anão. Mas errou ao não avaliar que a disputa era interna, e não externa.

O segundo erro de Iris é histórico: falta de compromisso financeiro em suas campanhas. Segundo algumas confidências de peemedebistas históricos, apenas em 2010 ele enfiou a mão no bolso. Nas demais, as contas foram democraticamente atiradas nas costas dos peemedebistas de todas as matizes políticas e econômico-financeiras. Jr chegou prometendo fazer exatamente o oposto disso. Ao invés de receber, vai se autofinanciar, e bancar quem mais estiver com ele.

Iris Rezende também transgrediu o pecado número 6: se imaginar a última Coca-Cola do deserto. No caso, a última Coca-Cola gelada, pronta para salvar o PMDB da sede de poder que o devora desde 1998. Friboi se mostrou como o dono da fabrica de gelo e da Coca. Tudo junto e misturado.

Por fim, Iris foi derrotado pelo único grupamento interno que ele não conseguiu expelir do PMDB: os maguitistas. Foram anos e anos, desde 1998, suportando a prepotência do domínio irista. Desta vez, os maguitistas venceram. E, pelo jeito, venceram a batalha interna derradeira. Dificilmente, Iris terá tempo suficiente para se recuperar e se preparar para dar o troco. Foi o último round, e por nocaute. Maguito Vilela talvez tenha se submetido ao último ato de submissão política a Iris Rezende quando teve que estar ao lado do velho líder quando, há 3 semanas, ele lançou-se candidato. ¨O senhor apoia a candidatura de Iris?¨, perguntaram os repórteres surpresos. ¨Você tem alguma dúvida?¨, respondeu sem responder Maguito Vilela. Não, nenhuma dúvida.