Em análise precisa publicada em seu blog, o jornalista Afonso Lopes afirma que a oposição e a situação vivem situações distintas às vésperas das convenções partidárias. Enquanto a base de Marconi navega em céu de brigadeiro, PMDB, PT e PSB se engalfinham numa crise sem fim.
Afonso diz que a oposição cometeu um dos piores erros: subestimar o adversário.
Veja o texto na íntegra:
Marconi está pronto, as oposições, não
São brutalmente evidentes as dificuldades das oposições em Goiás. Não se consegue estabelecer nem mesmo uma estratégia para enfrentar a candidatura à reeleição do governador Marconi Perillo. E não existe indicativos de que pelo menos se adote o diálogo aberto e sincero entre os grupos. É uma torre de babel carregada de interesses conflitantes e de desconfiança ampla, geral e irrestrita. Enquanto isso, no Palácio…
Inicialmente, os principais líderes oposicionistas do PMDB e do PT pregavam a necessidade de coligação universal de modo a transformar a eleição num processo plebiscitário. Deu em nada. Desde o primeiro momento, Vanderlan Cardoso, do PSB do presidenciável Eduardo Campos, deixou claro que a ideia de candidatura única no campo oposicionista somente poderia se concretizar se tivesse ele próprio como candidato/beneficiário. Mas aí quem não toparia de jeito nenhum seria o PT, que trabalha pela reeleição da presidente Dilma Roussef.
O jeito, então, foi trabalhar com duas candidaturas. Não por estratégia, note-se, mas como consequência, como impossibilidade prática da candidatura única. Mas aí veio a candidatura avassaladora de Jr Friboi no PMDB e o PT caiu fora, mandando mais um nome para a já tumultuada praça da oposição. O prefeito Antônio Gomide, de Anápolis, viabilizou-se internamente, deixou 3 anos de mandato pela frente e está candidato ao governo. A situação dele só não se concretizará se Brasília determinar o recuo e composição com o PMDB. Fora isso, Gomide deve seguir em frente.
Em resumo, do cenário avaliado como ideal do ponto de vista dos grupos que fazem oposição ao governador Marconi Perillo, o de união total e candidatura única, não restou nada. Hoje, não são mais 2 os nomes, mas 3.
Há perspectiva de esse quadro múltiplo mudar até junho? No campo doméstico, não. Vanderlan, Gomide e Jr nem aceitam discutir recuos e recomposição de seus objetivos. É claro que essas posições radicalizadíssimas fazem parte do jogo jogado na política de construção de candidaturas. Quem é candidato a um determinado cargo e aceita pelo menos a possibilidade de concorrer a algum outro sai do jogo pelo cargo inicialmente pretendido na mesma hora. Ou seja, um candidato a governador que diz que numa composição poderá aceitar candidatura a vice, passa a viver dentro dessa nova perspectiva.
De qualquer forma, ainda que negar peremptoriamente seja regra não escrita desse jogo estratégico, a situação chegou a um ponto que não permite uma avaliação atual que leve em conta alguma mudança estrutural do quadro que aí está. E se houver mudança, o mais provável é que ela aconteça sob orientação de Brasília, portanto influenciada pela disputa presidencial.
Base aliada está pronta
Alheio a tudo isso, no Palácio das Esmeraldas está cada vez mais consolidado o processo de candidatura à reeleição do governador Marconi Perillo. Novamente com bom patamar nas pesquisas de intenção de voto – e sem a rivalidade de Iris Rezende que foi alijado do afunilamento interno do PMDB por Friboi -, um revigorado plano de ação administrativa, que inclui inauguração de obras quase todos os dias no estado inteiro, a base aliada chega às vésperas da convenção bastante animada.
Ainda há ruídos, principalmente na composição da chapa. Marconi é assunto pacificado desde sempre como candidato a governador. José Eliton repetiria a vice e Vilmar Rocha tentaria a vaga para o Senado. Mas o presidente regional do DEM, deputado federal Ronaldo Caiado, que tem ótimo trânsito tanto no PSDB nacional como no próprio DEM, também quer disputar o Senado. E só há uma vaga dentro da aliança.
A possibilidade de Caiado compor a chapa de Marconi provocou reações. Alguns setores, inclusive do PSDB marconista, nem querem discutir o assunto, e julgam que a composição da chapa deve ser sacramentada exatamente como está. Mas também neste caso Brasília pode intervir. Não como imposição, mas como um pedido de ajuda. Tipo: ¨aceitem o Caiado aí, que as coisas melhoram com o DEM aqui (em Brasília)¨.
Será que um pedido como esse seria negado? Difícil. De qualquer forma, essa possibilidade é remotíssima, até porque certamente implicaria em ações também das demais cúpulas nacionais dos partidos diretamente envolvidos na chapa, como o PP, de José Eliton, e o PSD, de Vilmar Rocha. O enguiço só aumentaria, portanto.
É isso o que resta definir para o grupamento liderado por Marconi Perillo colocar a mais fabulosa e azeitada máquina eleitoral do estado em funcionamento. Se os opositores um dia imaginaram que seria fácil, cometeram um dos piores erros: subestimar o adversário. Vão ter que correr o dobro, ou chorar mais uma derrota.